O conceito de conexão ponto a ponto ou peer-to-peer nos anos 1990 com o Napster e Bit Torrent, aplicativos que montavam rede descentralizada de compartilhamento de arquivos, fugindo de preços das gravadoras e calendário dos distribuidores é o prelúdio do que estaria por vir. A partir de 2009 a combinação deste conceito com sistema de pagamento, transformou a indústria financeira pela blockchain emergindo o Bitcoin. Entre 2014 e 2016 o Bitcoin despencou de US$ 1 mil para US$ 200, estando aí o divisor de águas na atenção da tecnologia por trás da criptomoeda. Don e Alex Tapscott, autores de ‘Blockchain Revolution’, definem a tecnologia como registro digital incorruptível de dados programados, para gravar valor ou série de dados ou blocks e ligados entre si por princípios de criptografia ou chain. A consultoria Statista projeta que o mercado blockchain deve pular de US$ 2,2 bilhões em 2019 para US$ 23,3 bilhões em 2023, tendo o setor financeiro na liderança com desenvolvimento de 60% do mercado.
Smart contracts ou contratos registrados em blockchain escalam em espiral geométrica com cláusulas automáticas pós preenchimento de condições, de execução mais rápida, eficiente e barata em relação ao método tradicional. Como exemplo, a ordem de compra ou venda de ações na Bolsa quando a cotação pretendida for atingida. Seguro do carro em contrato inteligente com informações de velocidade, condições de tráfego, clima, rotas e estilo de direção, tornará a determinação dos prêmios mais precisa. Uber e AirBNB, carros chefes da economia compartilhada, mostram potencial disruptivo. A agência governamental sueca encarregada de registros de propriedades é pioneira em criar sistema para transferência de títulos. Na Suécia o prazo entre assinatura do contrato e escritura definitiva pode levar de 3 a 6 meses. Os registros digitais descentralizados farão a tecnologia reduzir a disseminação de informações corrompidas, elevarão transparência, multiplicarão eficiência de processos eliminando intermediários em todas as indústrias. Nos EUA a plataforma blockchain OpenBazaar vende e compra diretamente de outros usuários, sem taxas de transação como no eBay por exemplo, obrigando cada um zelar por sua reputação de modo cuidadoso como no eBay, Mercado Livre ou mesmo Uber.
Moral da Nota: a blockchain foca transparência e acesso público transformando o funcionamento das democracias em que urnas eletrônicas ou de papel serão coisa do passado. Governos com blockchain salvaguardarão transparência, evitarão fraudes e com contratos inteligentes, eleitores habilitados recebem tokens e têm o voto registrado na blockchain, experiência na Suíça em 2018. Os smart contracts ajudarão governos a serem eficientes na concessão de licenças a comerciantes, por exemplo. Por fim, registros compartilhados são mais sofisticadas em provar quem você é, com a possibilidade de todos os documentos de identidade digitalizados inclusive prontuário médico compartilhado mediante autorização. A identidade será controlada pelo indivíduo que decidirá como compartilhá-la, impactando na indústria do marketing digital.