domingo, 9 de junho de 2019

Silenciosa ameaça

A produção de plástico com vistas a servir como embalagem atraente aos olhos, associada a estratégia de marketing, usado única vez e ocupando espaço na natureza por 100 anos parece paradoxal. Não que o marketing fosse inconveniente, mas o custo benefício da estratégia parece caro demais. O relatório do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) informa a produção de 300 milhões de toneladas de plástico/ano, estimando que 8 milhões acabam nos mares e oceanos causando um dos maiores problemas ambientais do planeta. O impacto do plástico na vida selvagem marinha e terrestre é evidente, estimando que mais de 60% das espécies contém vestígios plásticos no organismo sendo 700 espécies vertebradas marinhas. Tartarugas cativas nas redes de pesca estranguladas pelas extremidades, espécies incorporando plásticos no tubo digestivo incluindo cetáceos, aves, peixes e plânctons morrendo por bloqueio do trânsito intestinal é realidade. O plástico e seu descarte se relaciona ao rápido processo de degração e modificação dos ecosistemas. 
Outro impacto ambiental a olhos vistos é a invasão de espécies exóticas em rios e estuários, problema na pauta dos europeus particulamente ibéricos. Toma corpo por lá o projeto LIFE Invasaqua visando afrontar a questão, com investimento na casa de 3 milhões de euros financiando ações de comunicação, sensibilização ambiental e diagnóstico. A lista dos invasores é longa incluindo o caranguejo-peludo-chinês espécie asiática que corta as redes de pesca comendo os peixes, além do lagostim-vermelho-da-Lousiana considerado uma praga nos arrozais. Há 158 espécies animais e 32 de plantas além de macro-algas exóticas invasoras, ocasionando perdas de biodiversidade e a possibilidade de extinção das autóctones. O custo anual das espécies invasoras na UE ultrapassa 12 bilhões de euros/ano, destacando como principais grupos exóticos invasores de água doce, peixes, crustáceos, invertebrados e moluscos.
Moral da Nota: chegam a Europa proveniente da América do Norte e Ásia em barcos ou outros meios de transporte, introduzidas para pesca desportiva ou atividade ornamental. Em Portugal há três novas espécies aquáticas invasoras por ano colocando uma questão silenciosa, provocando danos ambientais e principalmente econômicos às populações ribeirinhas com relação de sobrevivência no ambiente aquático.