sexta-feira, 19 de abril de 2019

Foi assim

Quem entrou na escola na década de sessenta certamente identificará as imagens descritas a seguir. Depois de quase trezentos anos de escravidão, em 1808 a família real portuguesa se instalou na capital do Brasil. Ao retornar nos deixou seu filho que nos tornou independentes e como legado, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro pedindo conservação à dádiva divina. O filho, D. Pedro I, ao retornar a Portugal também nos deixou seu filho, D. Pedro II. Por sua vez, por conta de indas e vindas concordou que sua filha, Princesa Isabel,  desse fim a escravidão. Dizem as más línguas que a Princesa levou um baita susto ao primeiro olhar com o futuro rei do Brasil, o neto de D. Pedro II. Não teve jeito, o melhor foi abolir a escravidão e em paralelo acabar com a Monarquia, cedendo lugar um ano depois, ao Positivismo republicano. Daí nossa bandeira não só pelos dizeres positivistas mas pelas cores, verde das matas, azul do céu e amarelo do ouro.
Em paralelo, aprendemos a saga de Rondon com o lema em relação aos índios; "Morrer se for preciso Matar nunca." Nunca na escola primária ou secundária ensinaram que o Brasil está acostumado com a indolência do índio, a busca por privilégio ibérico e a malandragem do negro, diga-se de passagem segurando a barra a ferro e fogo por 300 anos. Ninguém disse que queria uma país como a inglesa América ou a francesa europa. Joaquim Nabuco, muito antes da revolução comunista na Rússia foi voto vencido por conta da reforma agrária ou terras a quem nela trabalhou, provavelmente inspirou João Cabral de Melo Neto com os dizeres: "é a terra que querias ver dividida, não é cova grande é cova medida é a parte que lhes cabe deste latifúndio". Sem se esquecer que os abolicionistas eram em sua maioria filhos negros de senhores de engenho; enfim o ciclo migratório europeu emergiu pós escravidão. A história ensina que Pereira Passos construiu no Rio de Janeiro a Avenida Central empurrando os negros aos morros, acabando com os cortiços de Aluísio de Azevedo. Na década de sessenta, João do Vale falava do imigrante nordestino fugindo da seca e fome e um pouco antes Graciliano Ramos, tudo devidamente explicado em prosa e verso mandado à leitura pela professora primária e secundária; quem não leu?
Moral da Nota: a classe operária foi ao paraíso, se juntou aos deuses tratando de tirar o seu. Quem fez isso? Todos os que estavam na escola na década de sessenta, filhos de imigrantes palestinos expulsos da Palestina inglesa e aqui vindo como sírios e libaneses, filhos de nordestinos ou nordestinos fugitivos da seca e filhos e netos de europeus ou asiáticos que aqui prosperaram e não voltaram. A moral da Nota é que não foi erradicada a pobreza, o analfabetismo, a criminalidade, tendo diante de si um problema a mais ou o aquecimento global; uma agenda desafiante.
Em tempo: Vamos estudar a literatura Nacional, Érico Veríssimo, Machado de Assis, Castro Alves, Aluísio de Azevedo, José de Alencar, Clarisse Lispector, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, o Marido da Dona Aracy, sem se esquecer de Jorge Amado e Carlos Drumond de Andrade. Perdoem o mau jeito, Nelson Rodrigues com o seu 'A vida como ela é. Algumas sugestões, Macunaíma, Vidas Secas, O Cortiço, Encontro Marcado, Dona Flor, Capitães de Areia e etc. Quase tudo de graça por conta de domínio público.