sábado, 20 de abril de 2019

Em questão

O desenvolvimento econômico trás paradoxo existencial de uma crise relacionada ao futuro do trabalho. Com o acelerar da inovação o trabalho míngua, com a certeza de exigência no futuro de habilidades específicas e complexas, ladeado por capital humano cada vez mais valorizado disposto em patamares mais diferenciados. A tecnologia cria oportunidades melhorando condições de vida global exigindo dos novos empregos mais conhecimento tecnológico, ótimas capacidades de resolução de problemas, e associado ao pensamento crítico, habilidades interpessoais como perseverança, colaboração e empatia. Em um mundo conectado aumentam aspirações pessoais e opiniões divergentes adquirem maior probabilidade de afronta; nessa ideia, a automação desemprega de forma generalizada.
Em paralelo a crise no futuro do trabalho e a tensão criada vem à tona outra crise, a existencial, vista no niilismo de Nietzsche, não como significado de não ser mas como o valor do nada, incluindo o pensamento religioso negativo dentro da lógica decadente do pensamento humano. Sinaliza uma vida regida por valores supersensíveis e intangíveis, sacralizando o poder político, adquirindo o valor do nada diante algo acima dele e anulando pela negativa. Justificavel a preocupação de Nietzsche na decadência dos valores originais, considerado por ele cada vez mais avassalador, constituindo plataforma da pós-modernidade, do personalismo de hiper-consumidor e de risco acima de tudo líquido com sugerido por Zygmunt Bauman. Sob a ótica existencial fato é que o homem busca conhecimento pela ciência que criou, implicando em esforço da vontade. Como também parece verdadeiro que a vida envolvendo ficção desvaloriza-se quando é negada e depreciada. O velho modo de pensar ligado ao poder de governar o pensamento e ações humanas, aprisionando vontades, domando-as de modo astuto e eficaz via sentimento de culpa, medo, terror físico e moral, parece na encruzilhada exigindo escolhas.
O que fazer diante a constatação desta realidade, não só sob o ponto de vista material como interior ou pessoal? Constata-se que as habilidades ao trabalho ganham novo foco, cujo mecanismo fundamental é investimento em capital humano e procura por oportunidades aos que não se adaptam a nova onda. Há que se buscar meios de sobrevivência a segmentos fragilizados pelos talentos reais existentes. Enquanto tal processo ainda não deu frutos, proteger por meios de assistência social, por sinal, ideia debatida nos EUA e ONU, além de sistemas de seguro que permitam adaptação à mutabilidade do trabalho. Evidente que a questão é das gerações presentes e a vida hipócrita necessita confronto com governos fazendo o dever de casa na evasão fiscal, na ideia dos líderes das 20 economias mais importantes em “acabar com o divórcio entre o local onde o lucro se dá e a localização onde as atividades efetivamente se realizam.”