sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Força de um Lobby

A popularidade do diesel na Europa se fundamenta no preço mais baixo, na menor taxa de combustão de motores diesel dando maior eficiência e maior oferta de motores fabricados na Alemanha por exemplo. Na última década, vantagem fiscal ao diesel em 17 países da UE onde impostos sobre veículos dependiam das emissões de CO2, menores nos motores a diesel, tornou-os ainda mais barato. Entre 2004 e 2014 só no Reino Unido, 10 milhões de motoristas abandonaram a gasolina para o diesel. Em 2012 a Organização Mundial de Saúde trouxe à público a nefasta realidade dos motores a diesel. Quer dizer,  emitem 15% menos CO2, 4 vezes mais NO2, dez vezes mais prejudicial que o monóxido de carbono e 20 vezes mais sólidos microscópicos chamados partículas ou PM indutoras do desenvolvimento de câncer. Em consequência custos de saúde do combustível diesel ficaram dez vezes maiores que dos carros a gasolina e desde 2012, suas vendas na Europa diminuíram após anos de aumento.
O inferno do diesel acelerou com o escândalo de emissões da Volkswagen no outono de 2015 o conhecido Dieselgate. Testes de emissões nos EUA, especialmente na Califórnia, em 11 milhões de carros Volkswagen AG mostraram que o software que detecta a emissão de óxido de nitrogênio reduzia em até 40 vezes nos testes. O ICCT ou Conselho Internacional de Transporte Limpo em vigor há seis anos, divulgou o evento derrubando em um terço as ações da Volkswagen. Alvo de investigações judiciais em muitos países, carros a diesel tiveram reputação abalada repercutindo em queda de vendas de 4,1% na Europa em 2016.
Moral da Nota: ganharam os híbridos principalmente gasolina-elétrica, com aumento de 54% nas vendas em 2017,  exceção da Noruega que se tornou o primeiro país do mundo onde carros elétricos e híbridos (52%) superam os de combustão interna, o BMW i3 está em segundo lugar e o Nissan Leaf na quarta posição. No quesito emprego a Polônia está atrás da Alemanha com 250 mil pessoas e da França com 178 mil pessoas num total de 169 mil empregados no setor, pouco menos que os 171 mil mineiros e pouco mais que os 164 mil médicos. 
Em tempo: O processo de desgaste do diesel acontece desde de 2012 mostrando como a indústria do setor impõe seus interesses sobre o grupo de nações. Certamente no resto do mundo o diesel não é utilizado majoritariamente em veículos de passeio, mas na América Latina, África e terceiro mundo em geral impuseram o diesel na logistica em detrimento a ferrovia. A questão do clima é constatação não ideológica, consenso científico que leva a indústria fóssil ao impasse, necessitando enfrentamento pois o tempo urge.