domingo, 21 de outubro de 2018

Feridas latentes

Na segunda guerra a resistência alemã na Itália, baseava-se em sucessivas linhas defensivas dificultando o progresso aliado.  A 100 km de Roma a defesa alemã se fazia pela Linha Gustav em cujo eixo principal estava a cidade de Cassino, onde se localiza o Mosteiro Beneditino de Montecassino na colina de 1.100 metros que levou quatro meses para ser conquistada. Antes do assalto final, o general francês Alphonse Juin discursou diante as tropas coloniais do Corpo Expedicionário Francês (FEC) dizendo "se vencerem essa batalha, por cinquenta horas, serão donos absolutos de tudo o que encontrarem além das fileiras inimigas, ninguém vai puni-los pelo que fizerem, ninguém vai pedir explicações". Os acontecimentos após o assalto final originaram o termo Marocchinate ou violações massivas realizadas pelos Goumiers do Norte da África, tropas coloniais marroquinas do Corpo Expedicionário Francês. Documentos coletados denunciaram pelo menos 20 mil casos de violações, no entanto, calcula-se em torno de 60 mil. O general Alphonse Juin nunca condenou o ocorrido, Pio XII instou de Gaulle a agir e em 1945 tribunais franceses processaram 360 marroquinos pelo ocorrido; apenas a ponta do iceberg. Em 2004, a Associação Marroquina fez um pedido oficial de desculpas pelo ocorrido em Montecassino.
Moral da Nota: sempre fica a dúvida se essas feridas realmente cicatrizam ou tornam-se eternamente latentes a espera de, a qualquer momento, vir à tona tanto pelo lado do algoz como pela vítima covardemente abatida.