sexta-feira, 21 de setembro de 2018

O vinho e Fukushima

Foi na década de 1950 o auge dos testes termonucleares na atmosfera e em consequência liberando no ar grande quantidade material radioativo. Temores em relação a reações nucleares capazes de ativar o deutério oceânico, pela possível transformação do planeta em gigantesca bola de fogo, levou sua moratória em 1980 quando a China encerrou seu programa deixando rastro nuclear persistente. Um destes é o Césio-137 subproduto da fissão do urânio-235, cuja liberação na atmosfera teve grande expansão se inserindo nos alimentos em quantidades mínimas. Em 2001 o farmacologista francês Philippe Hubert desenvolveu um método de datação do vinho baseado no Césio 137, eficaz contra a fraude que rotula vinhos jovens como antigos visando inflação de preço, sem ter que abrir a garrafa. 
A radiação do césio-137 é o pulo do gato pois sua produção de raios gama é relativamente proporcional à quantidade de isótopos presentes, bastando para datar combinar a quantidade de césio-137 na garrafa com os registros atmosféricos que revela a fraude, pois a ausência de césio-137 mostra que é vinho pós 1980.
Moral da nota: Chernobyl em 1986 fez disparar os níveis de césio-137. O detalhe é que análises de vinhos da Califórnia de 2009 a 2012 revelam césio-137 nestas amostras pós Fukushima, por conta do método de Hubert encontrar quantidades de césio-137 acima dos níveis produzidos pós 2011, mostrando que os desastres nucleares podem ter consequências inesperadas tempos depois de ocorrerem.