domingo, 29 de julho de 2018

1988\1992\1997

Há trinta anos a Shell foi avisada sobre a mudança climática e seu agravamento levaria a migração forçada em grande escala. Parece quase consenso a existência de relação clara entre mudança climática e migração forçada pelo fracasso agrícola e clima extremo. Pesquisas mais recentes indicam a impossibilidade de separar mudança do clima de uma gama de outros fatores. Apesar de todos estes argumentos, a Shell ao longo destes trinta anos defendeu que o crescimento populacional e a demanda de energia inseria a empresa num papel de condução do desenvolvimento econômico e sustentável.
Jelmer Mommer do De Correspondent, trouxe documentos publicados na Climate Files, mostrando a discrepância entre o que a Shell ouviu e o que disse nestes anos em público. Nos anos 90, por exemplo, a empresa não mencionou publicamente que a queima de combustíveis fósseis, poderia resultar em pessoas forçadas a deixar suas casas pela elevação do nível do mar ou pela inabitabilidade regional. 
Em 1988, um relatório confidencial chamado Greenhouse Effect e publicado no DeSmog UK, mostrou que a Shell sabia sobre o impacto de seus produtos fósseis na mudança climática, estabelecendo consequências para a elevação do nível do mar impactando sobre padrões de subsistência e migração dos povos. O relatório usou Bangladesh como ilustração em que inundações desabrigaram milhares de pessoas. Em 2017 o primeiro-ministro do país, Sheikh Hasina, disse na ONU que a elevação do nível do mar em um metro, submergiria um quinto do país transformando 30 milhões em "migrantes do clima."
Em 1992, o Presidente do Royal Dutch Shell, Lodewijk Christiaan van Wachem, disse que a empresa enfrentava desafio triplo “a crescente demanda mundial por energia, o crescimento da população mundial e a necessidade de salvaguardar um mundo viável para as gerações futuras.” Não mencionou que a Shell sabia que o aquecimento global e elevação do nível do mar provocaria migrações forçadas. 
Em 1997, John Jennings diretor da empresa disse  “não há alternativa prática para esse período” indicando que a história lembraria dos combustíveis fósseis como "fase primitiva" e apesar das incertezas, “mudança abrupta nas atividades comerciais” não estavam no radar.
Moral da Nota: na reunião entre Trump e o Presidente da Comissão Européia ficou acertado que o setor automobilístico europeu fica à salvo, por enquanto, da guerra tarifária em troca da importação de soja americana principalmente. Chamaram a isto de histórico.