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quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Subsíndromes

O BPSD, sintomas psicológicos e comportamentais na demência, são fenômenos com grande quantidade de variabilidade individual e, ao aplicar estrutura multinível para identificar subsíndromes, ou, fatores entre pessoas que representam perfis relevantes de BPSD permitindo identificar grupos de sintomas, fatores intra pessoais, que representam experiências de sintomas orientadas contextualmente. Daí, pesquisa da UTHealth Houston busca esclarecer sintomas comportamentais e psicológicos da doença de Alzheimer e demências relacionadas, publicado no Alzheimer's & Dementia, periódico da Alzheimer's Association e liderada por Carolyn Pickering, professora de  Enfermagem Gerontológica na Cizik School of Nursing da UTHealth Houston aplicando estrutura para identificar padrões de sintomas comportamentais e psicológicos de demência, sendo que a pesquisa distingue entre perfis gerais de sintomas comuns, subsíndromes, e o modo como os sintomas se agrupam em variações diárias nos sintomas vivenciado pelos indivíduos, chamados de grupos de sintomas. Acompanhou 68 familiares que vivem e cuidam de pessoas com demência, relatando 23 sintomas relacionados, incluindo, dificuldades alimentares, falta de cooperação, delírios, depressão, ansiedade, apatia e perambulação, produzindo 443 relatórios diários ao longo de 8 dias e, para analisar dados, foi usado método estatístico que considerou variação intra pessoal e entre indivíduos diversos. Notaram alta ocorrência de possível delirium em ambientes de assistência domiciliar, geralmente associados a hospitais, destacando necessidade de melhor conscientização e educação sobre como cuidadores podem controlar o delirium em casa, esclarecendo que “ao entender e abordar tanto subsíndromes quanto grupos de sintomas, criam-se modos direcionados de ajudar profissionais e cuidadores gerenciar sintomas de demência de forma mais eficaz”. Financiada pela Alzheimer's Association, a pesquisa avança no gerenciamento dos sintomas comportamentais e psicológicos da demência, concluindo que, “os sintomas comportamentais e psicológicos da demência podem variar na mesma pessoa devido fatores como hora do dia, níveis de ruído e estado de hidratação”, sendo que o “estudo é significativo porque oferece modo de pensar sobre como gerenciar sintomas à pessoas que vivem com demência, mais eficaz que abordagens atuais que tendem agrupar todos os sintomas como experiência única.”

Ainda neste tema, exames de sangue visando rastrear Alzheimer estão no horizonte, considerando que o único meio de confirmar o diagnóstico é com exames cerebrais ou punções lombares e, para diagnosticar e tratar Alzheimer de modo eficaz, necessitam testes acessíveis de baixo custo para rastrear pessoas na meia-idade e, assim, evitar sintomas, já que, existe alta incidência de pessoas com a doença, por exemplo, no Canadá são 750 mil, ou, outra forma de demência, enquanto, Alzheimer é a forma mais comum, com sintomas como perda de memória, alterações no julgamento e humor ou problemas irreversíveis com linguagem e eventualmente fatais. A busca por exame de sangue para prever com precisão o desenvolvimento do Alzheimer em pessoas com problemas de memória na esperança que o diagnóstico precoce e tratamentos existentes possam pelo menos retardar sintomas acreditando-se que o Alzheimer começa quando uma proteína chamada beta-amiloide leva à formação de emaranhados e placas que obstruem o cérebro associados à morte neuronal, daí, evitar que o amiloide se acumule no cérebro anos antes do aparecimento dos sintomas. O único modo de confirmar que o beta-amiloide se acumulou é com exames cerebrais caros e difíceis de obter, ou, punções lombares desconfortáveis, aí que os exames de triagem de sangue podem desempenhar papel, com o Dr. Oskar Hansson, professor de pesquisa clínica sobre memória na Universidade de Lund, na Suécia, e sua equipe, relatando que a combinação de exames de sangue para formas específicas de proteínas beta-amiloides e tau identificou de modo correto em 90% dos casos se 1.213 participantes suecos, com idade média de 74 anos e problemas de memória, de fato tinham Alzheimer. Nos EUA, laboratórios começaram vender testes para detectar sinais de Alzheimer no sangue, embora não amplamente usados já que os médicos têm pouca orientação sobre quando usá-los e nenhum é formalmente aprovado para uso pela Food and Drug Administration dos EUA ou pela Health Canada, considerando ainda que a  Dra. Suzanne Schindler, neurologista da Universidade de Washington em St. Louis que participou do estudo sueco, dizer que pode ser difícil falar se o Alzheimer ou outra coisa é culpado pelos sintomas do paciente concluindo que, "não é incomum que tenhamos pacientes que nos convence que têm Alzheimer, faço os testes e dão negativo". Estudo da Alzheimer Society of Canada prevê que o número de pessoas no Canadá vivendo com demência triplicará em 3 décadas, com a dra Schindler, que liderou comparação de exames de sangue, dizendo que o estudo sueco mede uma forma de tau que se correlaciona com a quantidade de acúmulo de placa que alguém tem, no entanto, um nível alto sinaliza forte probabilidade de ter Alzheimer, enquanto nível baixo sugere que provavelmente não, daí, acreditar que o tau reflita disseminação da doença no cérebro. 

Moral da Nota: o estudo, Detecção de deficiência cognitiva por IA em idosos na caminhada, liderado por Shuichi P. Obuchi, Motonaga Kojima, Hiroyuki Suzuki, Juan C. Garbalosa, Keigo Imamura, foca comprometimento cognitivo precoce em idosos explorando viabilidade da aceleração linear assistida por IA e análise de velocidade angular na caminhada, incluiu 879 participantes sem demência da Pesquisa Abrangente de Gerontologia de 2011, com sensores presos à pélvis e ao tornozelo esquerdo registrando aceleração linear triaxial e  velocidade angular enquanto participantes caminhavam a velocidade confortável, com o comprometimento cognitivo determinado usando pontuações do Mini-Exame do Estado Mental e Modelos de aprendizado profundo ​​para discernir dados de aceleração linear e velocidade angular de 12.302 passadas de caminhada. A análise de marcha habilitada por IA pode ser usada para detectar sinais de comprometimento cognitivo integrando esse modelo IA em smartphones podendo ajudar detectar demência precoce, facilitando melhor prevenção e, considerando que o modelo IA foi construído usando dados de coorte residente na comunidade, além de análise de aceleração linear e velocidade angular assistida por IA na marcha já que  detecção precoce do declínio cognitivo em indivíduos mais velhos é de suma importância, visto que terapias usadas para retardar o desenvolvimento são mais eficazes quando iniciadas nos estágios iniciais do declínio. Caminhar é preditor mais forte de declínio nas atividades instrumentais da vida diária, portanto, um declínio na capacidade de caminhar pode ser sinal precoce de declínio na função cognitiva, considerando que estudos epidemiológicos anteriores demonstraram relação entre função cognitiva e caminhada, no entanto, não estabeleceram limite a ser usado para rastrear declínio cognitivo ou validade do limite, sensibilidade e especificidade, portanto, estudos adicionais são necessários para determinar se a caminhada pode ser usada como  ferramenta de triagem à detecção de demência e declínio cognitivo. IA e uso de dispositivos vestíveis facilitam identificar  mudanças sutis na caminhada, além disso, uso na triagem de doenças neurológicas degenerativas, incluindo demência, foi estabelecido, em consequência, análise da marcha é potencial biomarcador de triagem que pode ser usado para detectar doenças neurodegenerativaa, esperado, com o desenvolvimento de biomarcadores digitais e desenvolvimento de biomarcadores clínicos, que estudos usando algoritmos IA ou aprendizado de máquina na análise da marcha como método para detectar comprometimento cognitivo em passarela computadorizada detectando comprometimento cognitivo leve, MCI, e doença de Alzheimer com precisão de 86%, embora demonstrem utilidade IA ​​na análise da marcha, seu uso à detecção dessas mudanças em larga escala é limitado, já que equipamento especializado não é comumente disponível na maioria das clínicas ou não pode ser usado remotamente. 


                                                  

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Atenção primária

A preocupação sobre Doença de Alzheimer, DA, é determinar se há comprometimento cognitivo, caso positivo, o passo será exame de sangue e ressonância magnética, no passado, o objetivo do exame de sangue e imagens era descartar outras causas de demência, incluindo deficiência de B12 e folato, hipotireoidismo, demência multi-infarto e hidrocefalia de pressão normal, bem como outras causas, considerando que testes de biomarcadores no sangue podem ser adicionados ao painel inicial laboratorial normalmente solicitados ao trabalhar com demência e, caso biomarcadores à Alzheimer forem positivos e o paciente exibir demência leve, busca-se determinar se são candidatos a novos anticorpos monoclonais, mudança conceitual e prática na compreensão e abordagem da DA, doença de Alzheimer, sobre novos testes de pacientes. A demência na doença de Parkinson, DP, pode ocorrer com menos frequência ou desenvolver em período mais longo que se pensava anteriormente, é o que sugere análise de estudos em que a Idade avançada no diagnóstico, sexo masculino e menor nível educacional são preditores do desenvolvimento de demência, sendo que o risco de demência a longo prazo em pacientes com Parkinson foi avaliado pela Parkinson's Progression Markers Initiative, PPMI, e estudo financiado pelo National Institutes of Health na University of Pennsylvania, Penn, Filadélfia, incluindo 417 participantes com idade média, 61,6 anos, 65% homens, e 389 participantes em idade média, 69,3 anos; 67% homens. Submetidos a avaliações cognitivas anuais ou bienais, incluindo Montreal Cognitive Assessment, MoCA, e Movement Disorder Society, Unified Parkinson's Disease Rating Scale Part 1, MDS-UPDRS, com o desfecho primário do tempo ao diagnóstico de demência desde o início do Diagnóstico de Parkinson além de subanálises estratificadas por sexo, idade no diagnóstico da doença DP e anos de educação formal, daí, 7% dos participantes foram diagnosticados com demência pelo investigado até o ano 10 e 8,5% ao longo de todo o acompanhamento, ao usar definições alternativas de demência as porcentagens foram maiores em 9,8% e 7,4%, respectivamente, em 10 anos e 11,8% e 11,3%, respectivamente, com probabilidade de demência de 26,5% no ano 10, 49,66% no ano 15 e 74,39% no ano 20, tempo médio do diagnóstico de Doença Parkinson à demência de 15,2 anos com probabilidade de diagnóstico de demência maior em pacientes mais velhos, homens, com educação menor de 13 anos.

Problemas subjetivos de audição e memória são associados à demência e cognição na vida adulta, detectáveis ​​mais cedo do que medidas objetivas de perda sensorial e declínio cognitivo, conhecidos por estarem relacionados a risco aumentado de demência na vida adulta, em amostragem representativa da população de 6006 indivíduos, idades entre 50 e 75 anos, com auto-relato de problemas de audição e memória de curto prazo apresentaram maiores taxas de demência em 17 anos de acompanhamento em que problemas de audição e memória foram associados a risco maior de demência e pior cognição 14 anos depois, com risco maior naqueles que relataram ambos os problemas no acompanhamento, o nível de perda auditiva foi associado a pontuações cognitivas mais baixas. Perda auditiva relacionada à idade, ARHL, ou presbiacusia, é condição de saúde comum em populações mais velhas, entre um terço e metade dos adultos com mais de 70 anos na Europa enquanto deficiência auditiva incluindo ARHL associada a maiores taxas de comprometimento cognitivo leve e progressão de MCI à demência, com estudos mostrando taxas de demência em indivíduos incluindo medidas objetivas de perda auditiva e dificuldade auditiva autorrelatada em que Indivíduos não tratadas podem exigir maior esforço cognitivo que indivíduos com audição normal na vida diária através de compreensão, produção da fala e consciência espacial auditiva, por exemplo, navegar no trânsito. O declínio cognitivo é preditor bem estabelecido ao desenvolvimento de demência em que medidas objetivas de declínio sensorial, como acuidade visual e acuidade auditiva, demonstram ser preditivas do funcionamento cognitivo até 6 anos depois, no entanto, evidências sugerem que relatos subjetivos de comprometimento sensorial e cognitivo começam antes de diferenças mensuráveis ​​em comprometimento objetivo, como pontuação cognitiva em que perda auditiva está associada ao aumento do declínio cognitivo em adultos mais velhos mesmo em níveis mais baixos que os normalmente usados ​​à perda auditiva em que avaliações subjetivas pode, portanto, permitir identificação de indivíduos em risco antes de ferramentas objetivas, com estudo populacional no Reino Unido descobrindo que classificações mais baixas de dificuldades auditivas subjetivas estavam associadas a risco 39% a 57% maior de diagnóstico de demência na 3ª idade e os autores alegaram que as medidas subjetivas e objetivas tinham concordância justa, no entanto, foi demonstrado que autorrelatos de dificuldades auditivas têm correlação moderada com a perda auditiva objetiva e os autorrelatos podem subestimar a prevalência em faixas etárias mais jovens. 

Moral da Nota: pesquisadores da Mayo Clinic estabeleceram critérios à síndrome de perda de memória em adultos mais velhos afetando especificamente o cérebro, muitas vezes, confundida com a doença de Alzheimer, quer dizer, a Síndrome Neurodegenerativa Amnésica predominantemente límbica, ou, LANS, progride mais lentamente e tem prognóstico melhor e está mais definida à médicos que trabalham para encontrar respostas à pacientes com perda de memória. Antes dos critérios clínicos publicados no periódico Brain Communications, características da síndrome só podiam ser confirmadas examinando o tecido cerebral pós morte, no entanto, os critérios propostos fornecem estrutura à neurologistas e outros especialistas classificarem a condição em pacientes que vivem com sintomas, oferecendo diagnóstico mais preciso e tratamentos potenciais, considerando fatores como idade, gravidade do comprometimento da memória, exames cerebrais e biomarcadores que indicam depósitos de proteínas específicas no cérebro. Os critérios desenvolvidos e validados usando dados de mais de 200 participantes em bancos de dados do Centro de Pesquisa da Doença de Alzheimer da Clínica Mayo, do Estudo do Envelhecimento da Clínica Mayo e da Iniciativa de Neuroimagem da Doença de Alzheimer, buscam entender a condição levando a gerenciamento dos sintomas e terapias mais personalizadas à pacientes que sofrem desse tipo de declínio cognitivo, diferente da doença de Alzheimer, segundo o autor sênior do estudo. Frequentemente, os sintomas são restritos à memória e não progridem para impactar outros domínios cognitivos, então o prognóstico é melhor que com Alzheimer e sem sinais de Alzheimer, os pesquisadores analisaram o envolvimento de um possível culpado, um acúmulo de uma proteína chamada TDP-43 no sistema límbico que os cientistas encontraram no tecido cerebral autopsiado de adultos mais velhos e classificaram o acúmulo desses depósitos de proteína como encefalopatia TDP-43 relacionada à idade predominantemente límbica, ou LATE , associados à síndrome de perda de memória recém-definida, embora haja outras causas prováveis ​​necessitando mais pesquisas, segundo os autores. Os critérios clínicos estabelecidos por Jones, Corriveau-Lecavalier e coautores, permitirão diagnosticar a LANS em pacientes para que aqueles que vivem com perda de memória possam entender melhor as opções de tratamento e a possível progressão da doença, abrindo portas à pesquisas que esclareçam melhor as características da doença.