Ao olhar o mito e a literatura grega antiga buscando entender como chegamos as portas da degradação decorrente mudanças climáticas, Joel Christensen, afirma que a Nova Inglaterra onde viveu, vê temperaturas recordes com 12 ou mais dias de 40°C acompanhadas por secas pouco mencionadas. As folhas caem já secas em fins de setembro, desmoronando gramados sem água e, neste ambiente, avalia que muitos campos das humanidades escrevem sobre a relação com o meio ambiente há mais de uma geração conhecido como eco-crítica, fazendo mea culpa dos envolvidos com o mundo antigo, lentos, em relacionar seu trabalho com a emergência climática no horizonte.
Navegando pelo Oriente Próximo, de Atrahasis aos poemas de Gilgamesh e a Bíblia hebraica, emerge a degradação do universo humano e natural por conta da ira ou retribuição divina dando aos seres humanos um pouco de conforto, tentando pelo menos, fornecer explicação do sofrimento. Observa ecos das histórias de dilúvio no mito greco-romano, talvez, Deucalião e Pirra contada pelo romano Ovídio, sendo que a degradação não aparece com tanto destaque no mito grego primitivo. Quanto ao Mito Hesiódico das Eras que em Trabalhos e Dias de Hesíodo, poema endereçado pelo narrador a seu irmão Perses, há descrição da degradação da geração humana nomeada por tipos de metal cada vez menos valiosos classificada como geração 'ouro' próxima dos deuses, geração prata como crianças e geração bronze guerreira e,aos humanos mais ou menos contemporâneos, uma raça de ferro. A raça dos heróis, segundo Hesíodo, se prende entre as raças do bronze e do ferro, geração produto de uniões entre mortais e deuses com a gloriosa era de Hércules, Aquiles e Odisseu que morreu lutando em torno de Tebas, local de acontecimento da história de Édipo e Troia. O autor lembra de fragmento épico popular do poema chamado Cypria, cujo plano de Zeus era aliviar a Terra do fardo desses heróis organizando suas mortes violentas na guerra.
Moral da Nota: ao estudar narrativas de degradação na Grécia antiga destaca como uma das fundamentais, a Teogonia, criando o universo através de intrincado sistema de relações biológicas em que quase tudo no mundo nasce de Gaia, a Terra, projetando no universo a verdade da vida individual, ou, tudo que vive deve morrer. Avalia que a relação entre a determinação divina e a vontade humana no mito grego, se esforça para ajudar entender que os seres humanos podem não criar os próprios problemas, mas agravá-los ativamente. O mito e a literatura grega antiga, continuam, segundo o autor, como ferramenta importante em compreender como chegamos à beira da degradação. Nossa capacidade de negar pode ser vista como talento necessário, porque de outro modo, teríamos dificuldade em seguir sem ter como evitar pensar em nossos fins inevitáveis. Conclui que o mito grego oferece modo de pensar nas consequências da negação e custos sociais, quando aqueles em quem confiamos liderança não podem e tem dificuldades no enfrentamento dos desafios mais importantes de nosso tempo. A grande questão passa pela tomada de consciência em quantificar o binômio aquecimento/envelhecimento na vida terrestre e agir.