Estudo da Fundação Oswaldo Cruz informa que os Mundurukus, às margens do Tapajós, apresentam contaminação com testes do sangue e cabelo de três aldeias em 2019 revelando que 60% deles têm mercúrio acima do limite tolerável pela OMS. Distúrbios neurológicos, cegueira e perda cognitiva além de sintomas ligados a esse tipo de intoxicação são frequentes nas aldeias, no entanto, dificuldades laboratoriais impedem comprovação do mercúrio como causa mortis, conforme lideranças indígenas onde 2 mil garimpeiros desenvolvem garimpo ilegal de ouro. No Madeira, a mineração é feita mais no leito do rio, enquanto no Tapajós o ouro é procurado em terra firme, pelo fato de que a primeira arrasta sedimentos da parte superior da bacia, Peru e Bolívia, que explica a presença de ouro no leito do rio. O MapBiomas, Projeto de Mapeamento Anual de Uso e Cobertura do Solo no Brasil, identifica que na última década houve crescimento de 495% da área ocupada pelo garimpo em terras indígenas chegando a 1.592 hectares no território munduruku, com monitoramento do Greenpeace revelando que o garimpo ilegal destruiu 632 kms de rios dentro de terras do povo Munduruku desde 2016. Os Yanomami, 27 mil do lado brasileiro, segundo a Sesai, estimam 20 mil garimpeiros em suas terras em Roraima, além do desmatamento e poluição disseminando doenças mais letais aos indígenas. Foi registrado aumento das mortes por malária e desnutrição decorrente intensificação das invasões no território indígena, ilegalidade permanente há décadas.
A barreira de descarte rompida em Mariana, em 2015, deixou 19 mortos e 660 kms de rio sem vida, além de tragédia semelhante em Brumadinho, também em Minas Gerais, deixando 270 mortos. Em Brumadinho após o desastre da barragem da Vale na Mina do Córrego do Feijão, a exposição da população a metais pesados foi superior às consideradas seguras, além de doenças respiratórias e mentais, com cientistas da Fundação Oswaldo Cruz associados a UFRJ em recorte da saúde do município mostrando arsênio, chumbo e manganês no sangue e urina. Adolescentes com índices acima dos valores de referência, aparecem não apenas nos bairros diretamente atingidos pelo desastre da Vale, na pesquisa, cientistas entrevistaram 3.080 pessoas com 12 anos ou mais dos quais 2.782 tiveram o sangue e urina coletados, além de levantamento de 217 crianças de 0 a 6 anos com 172 exames de urina. 28,9% dos adolescentes tinham arsênio total na urina acima de 10 microgramas, 52,3% tinham manganês no sangue acima de 15 microgramas por decilitro e 12,2% tinham níveis de chumbo no sangue superiores a 10 microgramas por decilitro. Nos adultos, 33,7% tinham níveis elevados de arsênio na urina e 37%, de manganês no sangue e crianças de até 6 anos, 50,6% da urina tinha pelo menos um metal acima do valor de referência e 41,9% um alto índice de arsênio. A Vale lembrou que financia estudos nas áreas atingidas pelo rejeito do rompimento da barragem, para avaliar efeitos na saúde e meio ambiente em parceria e acompanhamento às instituições que propuseram acordo judicial de reparação integral de danos pelo acidente, trabalho, que tem metodologia validada pelos Ministérios da Saúde e Meio Ambiente acompanhado pelos compromitentes do Acordo Judicial de Reparação Integral, Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Ministério Público Federal, Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais e Governo do Estado de Minas Gerais.
Moral da Nota: um trem em Ohio transportando cloreto de vinila descarrilou em 1º de fevereiro de 2023 acarretando 3 derramamentos no leste da cidade de Palestina, Ohio, de material tóxico dos vagões. Três dias após o acidente, autoridades estaduais e locais disseram haver preocupação com explosão decorrente pressão acumulada nos vagões que transportavam os produtos químicos, forçando drenar 5 vagões de cloreto de vinil em vala e incendiá-la de modo controlado, dessa forma, disseram, o cloreto de vinila seria liberado com menos perigo, no entanto, a queima produz cloreto de hidrogênio e fosgênio popular na Primeira Guerra Mundial nos ataques químicos. O professor emérito da Cornell University com experiência em toxicologia ambiental disse que os poluentes foram elevados em nuvem gigante de fumaça e provavelmente voltaram à terra na fuligem, potencialmente contaminando kms de terra a favor do vento. De acordo com o NIH, Instituto Nacional de Câncer dos EUA, o cloreto de vinila é um gás incolor que queima para produzir policloreto de vinila, PVC, usado na produção de plásticos como tubos, fios e revestimentos de cabos e materiais de embalagem. De acordo com o NIH, é gás cancerígeno inflamável que pode causar tonturas, dores de cabeça e sonolência quando inalado a curto prazo e associado ao câncer de fígado, angiossarcoma, além de cânceres cerebrais e pulmonares, bem como, linfoma e leucemia e, de acordo com a Agência dos EUA para Substâncias Tóxicas e Registro de Doenças, o cloreto de vinila também é gerado pela combustão da fumaça do tabaco, embora em níveis baixos. A população pode ser exposta através da inalação de ar poluído e pessoas que trabalham em instalações onde é produzido ou usado estão mais expostas a inalação do gás e, em East Palestine, Ohio, as autoridades informaram que um rio da região estava contaminado com cloreto de vinila. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA, EPA, mediu a quantidade de elementos tóxicos no ar apontando que não há risco real aos habitantes da Palestina Oriental e arredores, embora autoridades de saúde do estado disseram que estão confiantes que o abastecimento municipal de água é seguro, sugerindo que quem obter água de poço privado deve ficar atento à contaminantes após o descarrilamento do trem. A EPA avisou que não sabia quanto de outros materiais perigosos vazou e não confirmou quanto estava a bordo, mas disse que "os esforços de resposta assumiram que todo o conteúdo dos vagões vazou para garantir ação mais protetora", dizendo ainda que testes de água potável e ar nas casas próximas ao acidente não mostraram contaminação. As regras federais dos EUA especificam quanto de produto químico tóxico pode ser transportado em determinado vagão e, com base em especialistas, os vagões provavelmente estavam cheios para serem viáveis economicamente, contendo até 1,1 milhão de libras de cloreto de vinil, número citado na ação coletiva federal movida pelo escritório Morgan & Morgan contra a Norfolk Southern Railway e a controladora Norfolk Southern Corp, considerando que tal volume é mais que o dobro da quantidade total emitida nos EUA pelas empresas em 2021, último ano de dados disponíveis no banco de dados de "inventário de liberação tóxica" da EPA. O governador de Ohio, Mike DeWine, avisou que seu governo entrará com ação contra a Norfolk Southern Railroad, empresa responsável pela operação do trem, caso não assuma total responsabilidade pelos efeitos do incidente, no entanto, a Norfolk disse que assumirá a responsabilidade pela limpeza após o descarrilamento.