A tríade, segundo Joseph Schumpeter, que escala o sistema capitalista fundamenta-se na inovação, no empreendedorismo e no crédito. Na inovação ocorre a necessidade de utilização do dinheiro de outros em benefício próprio visando conseguir associados e capital para executar projetos, sendo o ganho de fundador a participação acionária com divisão de lucros ou prejuízos além de comandar a gestão, caso tenha sucesso, além de receber dividendos pelos direitos de propriedade, os sócios podem abrir o capital, IPO, oferta pública inicial, de parte minoritária do capital social com cotação atribuída por mercado de ações. Nesta ideia, emerge o crédito que é conceder confiança em antecipação do poder de compra a ser recebido no futuro, usado para gerar renda, cujo retorno é alavancado do projeto que deve superar os juros para compensar o risco do contrato mútuo estabelecido entre mutuante e mutuário.
O ciclo se inicia com a concessão de crédito ao devedor comprar algo por conta do credor antecipar possível ganho, sendo que o tomador se compromete com um tempo de sacrifício futuro e gastará menos do seu potencial poder de compra, para pagar o crédito. Em um ciclo de endividamento, indivíduos e empresas gastam no presente mais além do recebido em renda e depois gasta-se abaixo do possível se a renda esperada for confirmada. No início do ciclo de crédito, agentes obtém mais dinheiro face às propriedades existentes, caso o preço de oferta ou custo de produzir ativos novos, é superado pelo preço de demanda, ou, o valor de mercado dos ativos usados, há incentivo para produzir, criando empregos e gerando renda. No entanto, modo mais fácil de obter dinheiro é com a conversão do dinheiro em ativos já existentes com cotação em alta firme, aí, especuladores adquirem ativos imobiliários e acionários com empréstimos necessitando mais dinheiro para pagar juros e amortizações. Investidores com dinheiro imobilizado em propriedades ou construções têm necessidade de empréstimos bancários de capital de giro para pagar funcionários e fornecedores, criando movimento ascendente de alta de preços dos ativos existentes. Os devedores seguem a expectativa de tendência firme de alta. e caso haja reversão geral de expectativas, quando rendimentos ou ganhos de capital ficarem abaixo do custo dos empréstimos, o ciclo se inverte em movimento descendente passando da euforia ao pânico. Se esses ciclos de expansão e contração ocorrerem, repetidamente, em sequência contínua, são criadas as condições à detonação da Crise de Grande Dívida cuja resolução se dá de modo lento e gradual de desalavancagem financeira.
Moral da Nota: o guru da análise, Material Scientist, desenvolveu teoria que busca mostrar correlação entre os ciclos de preços do Bitcoin e os ciclos de dívida chinesa. Analisando a história da criptomoeda, o Material Scientist mostra que os topos do ciclo anterior do Bitcoin coincidiram com os topos do ciclo da dívida chinesa. O fluxo e refluxo marca resfriamento no Bitcoin e, segundo o analista, pode significar não apenas que o Bitcoin se comporta como qualquer outro ativo, mas também que sua contração de oferta após cada halving é irrelevante. Ao canalizar ideias do investidor Ray Dalio, conhecido pela pesquisa sobre o comportamento econômico da China, disse que "Dalio está certo e que as bolhas são criadas por ciclos de dívida" e com a China e sua dívida em destaque graças ao desastre de Evergrande e mais cedo ao Coronavírus, as reações à ideia do ciclo da dívida foram favoráveis, com o detalhe que as baleias Bitcoin vendem participações após cada pico no ciclo de dívida da China. Saifedean Ammous, autor de "The Bitcoin Standard", argumenta que pela tecnologia de criação o Bitcoin será compra inevitável aos governos, inclusive quando suas características não corruptíveis os obriguem a ceder seu poder sobre o Dinheiro.