A OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico associa o desenvolvimento ao clima, alinhando questões sociais e econômicas à emergência climática demonstrando nexo de causalidade entre energia, combate à pobreza e alterações climáticas. Países em desenvolvimento consequente impacto das alterações climáticas, terão até 2030 mais 100 milhões de novos pobres e 150 milhões de novos refugiados climáticos até 2050, cuja contenção passa pela limitação do aumento da temperatura média global a 1.5ºC. O relatório afirma que países da OCDE, agências da ONU e bancos de apoio como o Banco Islâmico de Desenvolvimento, Banco Mundial e Banco Europeu de Investimento “apoiam projetos de combustíveis fósseis próximo a 3,9 bilhões de dólares/ano nos países em desenvolvimento”. Informa que países da OCDE investem US$ 150 bilhões/ano em projetos de desenvolvimento, “sem considerar crise climática em 80% dos casos”.
Em paralelo, investimentos verdes da UE estão atrás dos EUA e China devendo aumentar em um terço para alcance da economia líquida de emissões zero até 2050, inserida em maioria dos estados membros favoráveis à redução das emissões de gases estufa à nível líquido zero até 2050. No relatório 2019/2020 o BEI, Banco Europeu de Investimento, fala em grande esforço em responder ao desafio, advertindo que a UE fica à trás afirmando "depois de uma década perdida de investimentos fracos, precisamos enfrentar a desaceleração agora, se quisermos responder aos desafios históricos que enfrentamos". A UE, segundo o relatório, em 2018 investiu 1,2% do PIB ou US$ 174 bilhões em combate à mudanças climáticas comparado aos 1,3% dos EUA e 3,3% da China, em queda relacionada aos dois últimos anos, mesmo com crescimento maior em 2017 focando eficiência energética, fontes renováveis e transporte. Observa necessidade de avanço no setor de transportes baseado em combustíveis fósseis, com emissões em crescimento. O BEI avisa que para emissão líquida zero o bloco deve aumentar investimentos no sistema energético e infraestrutura dos atuais 2% do PIB, U$$ 330 bilhões, para mais de 3% ou US$ 495 bilhões. Conclui com cautela relacionada ao impacto da transição energética, coesão e inclusão social especialmente em regiões da Europa Oriental consequente ao declínio das indústrias em carbono, apoiando trabalhadores e aumentando eficiência energética na habitação à famílias de baixa renda.
Moral da Nota: são aquinhoados anualmente US$ 4 bilhões dólares em apoio aos combustíveis fósseis, ao lado de US$ 42 bilhões de créditos atribuídos dos países ricos aos mais pobres. O PNUA, Programa das Nações Unidas para o Ambiente, indica que esta tendência de promoção dos combustíveis fósseis até 2030 é 120% superior ao compatível com a meta de não aumentar a temperatura média mais de 1,5ºC. A questão foi amplamente discutida em todas as reuniões do clima e o corte de subsídios foi acordado por governos inserido em programa de transição energética. Fato é que governos tentaram isoladamente aumentar o preço dos combustíveis sem demonstrar ações de transição gerando descontentamento. Questão sensível urgindo enfrentamento.