A nova economia se insere em critérios ambientais, sociais e de governança, ESG, como conjunto de padrões às operações empresariais que os investidores utilizam para selecionar potenciais investimentos. A sigla ESG faz referência a questões ambientais, sociais e de governança medidas nas práticas de uma empresa, em inglês, Environmental, Social and Governance e, em 20 anos, passou de iniciativa de responsabilidade corporativa lançada pela ONU tornando-se movimento global de mais de US$ 30 trilhões de acordo com dados da Global Sustainable Investment Alliance. Critérios ambientais consideram a empresa como zeladora da natureza, sociais, examinam gerenciamento, relacionamento com funcionários, fornecedores, clientes e comunidades e, a governança, lida com liderança empresarial, remuneração de executivos, auditorias, controles internos e direitos acionistas. O agronegócio chegará a VBP, Valor Bruto da Produção, de R$ 1,1 trilhão, segundo estimativa do Mapa, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com o Centro de Excelência em Agribusiness da PwC Brasil apresentando resultado da pesquisa intitulada “Importância da Agenda ESG no Agronegócio” mostrando tendências e desafios do setor, declarando que “é importante às empresas a transparência nas práticas e transformar o que têm de melhor, potencializar e diferenciar tudo que vêm fazendo, trazendo ao consumidor visão clara de suas práticas.” Em 2020 o Brasil faturou US$ 100,7 bilhões com exportação agrícola, 32% acima da receita de uma década atrás e 395% em duas décadas e, para cá, houve mudança na configuração do mercado com o maior parceiro comercial passando da Europa, com US$ 7,5 bilhões, seguido por EUA com US$ 3,7 bilhões e a Argentina com US$ 1 bilhão de produtos agrícolas comprados no Brasil, à China, sexto cliente, que passou de US$ 561,5 milhões à US$ 34 bilhões de produtos do campo na última temporada, 33% do total vendido pelo Brasil, seguido pelo bloco europeu com US$ 15 bilhões e com o gigante asiático mudando postura em relação ao meio ambiente.
Os critérios ambientais, sociais e de governança, ESG, são forma cada vez mais popular aos investidores avaliarem empresas que desejam investir, inserindo Robo-assessores como Betterment e Wealthfront atraindo investidores com critérios ESG. Relatório da 'US SIF Foundation' informa que investidores detinham US$ 11,6 trilhões em ativos escolhidos conforme critérios ESG no início de 2018, ante US $ 8,1 trilhões dois anos antes. Pesquisa da Investopedia e Treehugger indica que aumentou em 60% dos entrevistados interesse em investimentos ESG e 19% relataram incorporar padrões ESG nos portfólios. Os critérios ambientais incluem uso de energia da empresa, resíduos, poluição, conservação de recursos naturais e tratamento de animais usados na avaliação de riscos ambientais que a empresa possa enfrentar e como gerencia tais riscos. Por exemplo, questões relacionadas à propriedade de terra contaminada, gerenciamento de emissões tóxicas ou conformidade com regulamentos ambientais do governo além de descarte de resíduos perigosos. Critérios sociais consideram relações comerciais com fornecedores que possuem valores, doação de porcentual dos lucros à comunidade ou incentivo aos funcionários realizarem serviço voluntário. A governança mostra aos investidores se a empresa usa métodos contábeis precisos e transparentes e se os acionistas têm oportunidade de votar questões sensíveis evitando conflitos de interesse na escolha dos membros do conselho, ou, ausência de contribuições políticas para obter tratamento indevidamente favorável e sem envolvimento ilegal. A Trillium Asset Management, sediada em Boston, com US$ 2,8 bilhões sob gestão em 2020 usa seleção de fatores ESG para identificar empresas posicionadas no desempenho de longo prazo, com critérios ESG incluindo evitar empresas com exposição conhecida na mineração de carvão e com certa porcentagem de receitas em energia nuclear ou armas, além de investimento em empresas com controvérsias em andamento ou relacionadas à discriminação no local de trabalho, governança corporativa e bem-estar animal. Critérios ESG evitam empresas cujas práticas sinalizam fator de risco como evidenciado no derramamento de óleo da BP em 2010 e o escândalo de emissões da Volkswagen e, entre nós a Vale, abalando preços das ações com bilhões de dólares em perdas associadas. Empresas de serviços financeiros como JPMorgan Chase, Wells Fargo e Goldman Sachs publicaram relatórios anuais que revisam extensivamente abordagens ESG e resultados financeiros.
Moral da Nota: a Europa responde por metade dos ativos sustentáveis globais, e líder na criação de padrões aos investimentos sustentáveis, contando com o EU Taxonomy, sistema de classificação que determina se a atividade econômica pode ser considerada sustentável, além de implementar o SFDR, Regulamento para Divulgação de Finanças Sustentáveis, impedindo que firmas de investimento façam alegações inverídicas ou equivocadas sobre compromissos sustentáveis. No Brasil, fundos ESG captaram R$ 2,5 bilhões em 2020, com ISE, Índice de Sustentabilidade Empresarial, como principal referência no desempenho médio das empresas bem posicionadas na agenda ESG. Por fim, lembrar que Investimentos ESG e de impacto não são a mesma coisa, com o primeiro preocupado com o modo como determinada empresa opera, ou seja, se as suas atividades mitigam riscos ambientais, sociais e de governança, enquanto o segundo se preocupa com a finalidade das operações da empresa em criar impactos positivos na sociedade. Levantamento do Instituto Akatu e GlobeScan sobre percepção do consumidor em 27 países mostra que no Brasil, mais de 70% dos consumidores esperam que as empresas não agridam o meio ambiente e mais de 60% querem o estabelecimento de metas para tornar o mundo melhor. A transição energética deve atrair investimentos massivos e, pelo potencial que o Brasil apresenta em energia solar e eólica e biocombustível, a neutralidade de emissão de carbono representa oportunidade à nossa reinserção internacional.