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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Êxodo

A Croácia em algumas décadas será país de idosos com o agravante em não ter quem cuide, daí, a problemática migratória com a emigração representando desafio maior que a imigração. O novo vice-presidente da Comissão Européia para Democracia e Demografia é uma croata, pois a Croácia é um dos estados membros mais afetados pela crise demográfica que assola a Europa Central e Sudeste. Jovens partiram à Irlanda e Alemanha deixando vilas vazias na Eslavônia, lugar que uma casa não custa mais que um carro usado, escolas vazias com 40 turmas desaparecendo em 2019 consequente a baixa taxa de natalidade de 1,4 filhos/mulher sobre as 200 mil pessoas que deixaram o país na última década. Pesquisas indicam que as razões para sair não são exclusivamente econômicas, mas sociais, como corrupção, injustiça e falta de esperança em futuro melhor. O Ocidente compensa parte da falta da força de trabalho com a imigração como a Polônia que recebe ucranianos. 

O jornalista Tim Judah chama a atenção à projeções demográficas perturbadoras, em 2050, haverá 22% a menos de habitantes na Croácia, um país de idosos. O despovoamento não é fenômeno novo nesta região já que desde o século XIX a emigração em massa aos EUA, além dos trabalhadores convidados no final da década de 1960 e Anos 70 que deixaram a Iugoslávia rumo a Alemanha e países da Europa Ocidental poupando a economia iugoslava. O saldo se mantinha pela alta taxa de natalidade e com as guerras na ex-Iugoslávia nos anos 90, a Croácia perdeu mais de 300 mil habitantes entre vítimas, refugiados ou emigrantes. A última onda de migração ao Ocidente fez com que a população croata caísse abaixo dos 4 milhões. Bom lembrar que mais de 20 milhões, ou, 4% dos habitantes da UE são de outro estado membro em contínuo crescimento. A Bulgária perderá 39% da população, seguida pela Romênia com 30% e Polônia com 15%, fora da UE, a Bósnia e Herzegovina e a Sérvia perderão um terço e a Albânia 18% das respectivas populações. No livro ‘The Light that Failed’ Stephen Holmes e Ivan Krastev explicam que prevalece o etno-nacionalismo e o medo do desaparecimento da nação é forte, com cerca de metade dos húngaros e poloneses compartilhando seu desejo. 

Moral da Nota: a nova onda migratória intra-europeia difere das anteriores, pela primeira vez na história ocorrendo verdadeira fuga de cérebros. Antes, saíam trabalhadores manuais não qualificados, agora são os qualificados, dos encanadores poloneses na França há anos aos eletricistas, técnicos e especialistas em TI fazem 32% dos cidadãos móveis da UE com diploma universitário. A proporção é sem precedentes, enquanto búlgaros e romenos ficam sem médicos e enfermeiros especializados tornando o problema de tal magnitude, que um ex-ministro romeno sugeriu legislar contra a emigração com duração superior a cinco anos. Estratégias nacionais falham porque governos nacionalistas apoiados pela Igreja Católica e Ortodoxa apelam ao patriotismo em detrimento das necessidades básicas que manteriam pessoas e famílias jovens e educadas em casa, com empregos e empréstimos à habitação. Em relação a queda nas taxas de natalidade, reformas eficazes como a da Finlândia com a introdução da licença parental igual para cada pai, no entanto, não realistas à Europa Oriental.