sábado, 3 de agosto de 2024

Desenvolvimento sustentável

Relatório anual da ONU informa que parte das metas para melhoria da vida tem possibilidade de ser alcançada em 2030 relativa aos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, de erradicação da pobreza à igualdade de gênero, além de 169 objetivos específicos a serem alcançados antes do final da década quase metade revelam progressos mínimos ou moderados e mais de um terço estagnados ou em regressão e, apenas 17%, no bom caminho para serem alcançados, daí, a incapacidade de garantir a paz, enfrentar alterações climáticas e impulsionar financiamento internacional minam o desenvolvimento", concluiu o Secretário-Geral da ONU, Antônio Guterres. Destaca efeitos persistentes da pandemia, observando que em 2022, em comparação a 2019, mais 23 milhões de pessoas caíram na pobreza extrema e mais de 100 milhões passaram fome e a ONU informou que, pela primeira vez neste século, o crescimento do PIB per capita em metade das nações mais vulneráveis ​​do mundo é mais lento que nas economias avançadas, ameaçando melhorias na igualdade e, em 2022, acrescentou, 60% dos países sofreram aumentos moderados a exorbitantes nos preços dos alimentos comentando que “em um mundo de riqueza, conhecimento e tecnologia sem precedentes, a negação de necessidades básicas é ultrajante e inaceitável. Na igualdade de gênero, segundo o documento, o mundo continua atrasado com uma em cada 5 adolescentes continua casar antes dos 18 anos, a violência contra mulheres persiste, muitas delas sem direito a decidir sobre saúde sexual e reprodutiva e, ao ritmo atual, necessitará 176 anos para alcançar paridade com os homens em cargos de gestão e, quanto ao objetivo da educação de qualidade, está longe do seu objetivo, por exemplo, 58% dos estudantes no mundo atingem nível mínimo de proficiência em leitura no final do ensino primário e “avaliações recentes revelam declínio significativo nos resultados de matemática e leitura em muitos países”. Na opinião do Secretário Geral, o relatório inclui “vislumbres de esperança” citando a banda larga cobrir 95% da população mundial, contra 78% em 2015 e a capacidade mundial de gerar eletricidade a partir de fontes renováveis ​​expandindo-se a taxa de 8,1% anualmente no mundo nos últimos 5 anos, aponta outras tendências positivas incluindo aumento do acesso ao tratamento que evitou 20,8 milhões de mortes por SIDA nas últimas 3 décadas e o desenvolvimento de vacinas contra malária, além disso, conforme o relatório, as adolescentes alcançaram paridade educativa com rapazes na maioria das regiões. O chefe da ONU apelou a mais ações para combater alterações climáticas e para “as transições verde e digital” e de acordo com o relatório, há déficit anual de US$ 4 bilhões no investimento para ajudar países em desenvolvimento alcançar objetivos de desenvolvimento sustentável, sugeriu redobrar esforços para fornecer recursos e reduzir pressão nos custos da dívida, expandir acesso ao financiamento de contingência à países em risco de crise financeira e multiplicar capacidade de empréstimo do Banco Mundial e outros.

As ondas de calor ocorrem com mais frequência nas principais cidades dos EUA, aumento constante, passando de uma média de 2 ondas de calor por ano na década de 1960 para 6 por ano nas décadas de 2010 e 2020, nos últimos anos, a onda de calor média nas principais áreas urbanas dos EUA durou 4 dias, cerca de um dia a mais que a onda de calor média na década de 1960. Em Junho de 2024, de acordo com um relatório da Climate Central, o calor excessivo provocado pelas alterações climáticas afetou 5 bilhões de pessoas no mundo, incluindo 619 milhões de indianos, durante 9 dias, conforme análise efetuada por grupo independente de especialistas nos EUA, 579 milhões na China, 231 milhões na Indonésia, 206 milhões na Nigéria, 176 milhões no Brasil, 171 milhões em Bangladesh, 165 milhões nos EUA, 152 milhões na Europa, 123 milhões no México, 121 milhões na Etiópia e 103 milhões no Egito foram afetados pela onda de calor. No Paquistão, morreram 600 pessoas devido ao calor extremo com hospitais e necrotérios super lotados especialmente em Karachi, maior cidade do país a temperatura superou 40°C e, devido à alta umidade, a sensação térmica foi de 49-50°C com serviços abertos nos centros de ajuda especiais auxiliando pessoas que sofrem com o calor, agravado pelos cortes de energia com suspensão da utilização de ar condicionado e ventiladores e, na província de Sindh, a temperatura foi de 52,2°C. O relatório informa que “mais de 60 % da população mundial enfrentou calor extremo que se tornou pelo menos 3 vezes mais provável devido às alterações climáticas entre 16 e 24 de junho”, com o diretor do programa da Climate Central, Andrew Pershing, declarando que "mais de um século de queima de carvão, petróleo e gás natural nos deu um mundo cada vez mais perigoso". O Índice de Mudança Climática, CSI, da Climate Central avalia o impacto nas temperaturas globais e "entre 16 e 24 de junho, 4,97 bilhões de pessoas sofreram calor extremo, atingindo níveis de CSI de pelo menos 3, indicando mudanças climáticas como causa e temperaturas pelo menos 3 vezes mais prováveis ​​de ocorrer", sendo que a Índia testemunhou uma das ondas de calor mais intensas e mais longas, resultando em mais de 40 mil casos suspeitos de insolação e 100 mortes relacionadas ao calor que sobrecarregou o sistema de abastecimento de água e redes elétricas, deixando Nova Deli em grande crise hídrica. Relatos da mídia indiana apontam a mortes relacionadas ao calor em Nova Delhi em 2024, com 40 dias seguidos com temperaturas acima de 40 º C desde 13 de maio, no Haj na Arábia Saudita, pelo menos 1.300 pessoas morreram de doenças relacionadas ao calor sendo que investigação realizada por cientistas climáticos do Climameter, programa financiado pela UE, revelou que as alterações climáticas aumentaram a onda de calor na Arábia Saudita em até 2,5 °C. Os EUA tiveram 2 ondas de calor nas últimas duas semanas de junho de 2024, no sul do país, México e países da América Central, em Sonora, no México, atingiram 52º Celsius, matando 125 pessoas enquanto pesquisa do World Weather Attribution Group, mostra que mudanças climáticas aumentaram em 35 vezes a probabilidade de calor intenso em maio e junho. O Egito experimentou temperaturas de 50 º C em que 40 pessoas perderam a vida em Aswan, sul do Egito, que resultou em aumento do consumo de energia, levando a cortes regulares para evitar sobrecarregar a rede elétrica e, na Grécia a 1ª onda de calor registrada ceifou 3 vidas e, pelo menos 6 visitantes morreram devido ao calor extremo que fechou escolas e monumentos como a Acrópole, um bombeiro morreu em incêndio florestal que eclodiu a “cada 10 minutos” no país.

Moral da Nota: o El Niño terminou mas "repercute por muito tempo”, perdeu força entrando em fase neutra, mas as consequências continuarão afetar as temperaturas globais, segundo o chefe científico do Serviço Hidrometeorológico Federal da Rússia, explicando que junho pode “estar entre os 3 meses mais quentes da história” esclarecendo que o calor no planeta persiste não por causa desse fenômeno climático, mas pelas consequências que são as altas temperaturas nas latitudes temperadas dos hemisférios norte e sul. Cientistas procuram melhorar o planejamento à possíveis secas, inundações e outros cenários criando ferramenta que permite prever na Ásia, Oceano Pacífico e Américas, o El Niño Oscilação Sul, ENOS, trazendo variações nos ventos, no clima e na temperatura dos oceanos que podem causar secas, inundações, quebra de colheitas e escassez de alimentos. Em abordagem de modelagem inovadora, pesquisadores da Escola de Ciência e Tecnologia do Oceano e da Terra, SOEST, da Universidade do Havaí em Manoa preveem eventos ENSO com até 18 meses e melhorando projeção na previsão do modelo combinando informações sobre a física do oceano e atmosfera com precisão preditiva. Publicadas na Nature, o principal autor do estudo e pesquisador assistente no SOEST esclarece que o "novo modelo conceitual chamado modelo de oscilador de recarga não linear estendido, XRO, melhora a capacidade de previsão de eventos ENSO com mais de um ano de antecedência, melhor que modelos climáticos globais e comparável a modelos mais habilidosos com previsões de IA". Recentes avanços na IA ultrapassaram limites, alcançando previsões precisas com até 16 a 18 meses de antecedência, no entanto, a natureza de “caixa preta” dos modelos de IA impediu atribuição da precisão a processos físicos específicos, além de não ser capaz de explicar a fonte da previsibilidade nos modelos IA resultando em baixa confiança e que as previsões serão bem sucedidas à eventos futuros à medida que a Terra continue aquecer, alterando correntes nos oceanos e na atmosfera. As implicações da pesquisa são de longo alcance, oferece perspectivas à previsões ENSO mais precisas e com prazos de entrega mais longos e melhorias no modelo climático global, embora o ENSO tenha origem no Pacífico tropical, não pensamos apenas como problema tropical do Oceano Pacífico, quer da perspectiva de modelização e previsão, quer da perspectiva observacional com trópicos globais e latitudes mais elevadas essenciais para melhorar previsões climáticas sazonais.