Daniel Ellsberg, analista militar norte-americano, funcionário do Pentágono, provocou grande controvérsia política nos EUA em 1971, ao fornecer ao New York Times e a outros jornais os chamados Pentagon Papers, documentos secretos do Pentágono, contendo detalhes sobre o processo decisório do governo americano em relação à Guerra do Vietnã. Deu contribuição à teoria da decisão, o paradoxo de Ellsberg, no qual as escolhas violam postulados da utilidade subjetiva esperada, também chamada, teoria da escolha, que não deve ser confundida com teoria da escolha racional sendo o estudo das escolhas de um agente. A teoria da decisão normativa, analisa os resultados das decisões ou determina decisões ótimas dadas restrições e suposições; e a teoria da decisão descritiva, analisa como agentes realmente tomam decisões que tomam, fato é que a teoria da decisão está relacionada ao campo da teoria dos jogos, tópico estudado por economistas, estatísticos, cientistas de dados, psicólogos, biólogos, cientistas políticos e sociais, filósofos e cientistas da computação cujas aplicações são feitas com ajuda de métodos estatísticos.
Em 1973, Ellsberg foi acusado decorrente ao Pentagon Papers de acordo com a Lei de Espionagem de 1917 dos EUA, por roubo e conspiração com pena solicitada de 115 anos, por má conduta e coleta ilegal de evidências, sendo que o juiz William Matthew Byrne Jr. rejeitou as acusações. Pentagon Papers é o nome do documento de 14 mil páginas do governo americano sobre o planejamento e política norte-americana na Guerra do Vietnã, dado pelo jornal The New York Times, a quem parte do documento foi entregue em 1971. O título real é United States–Vietnam Relations, 1945–1967 tratando-se de Study Prepared by the Department of Defense em 47 volumes, contando o envolvimento militar norte-americano no Vietnã entre 1945 e 1967. Encomendado em 1967 pelo secretário de defesa Robert McNamara, ao diretor do controle de planejamento da política de segurança e, como supervisor do estudo, contratou 36 oficiais militares, peritos e historiadores, para escreverem monografias do estudo. A publicação dos documentos, primeiro no The New York Times e a seguir no The Washington Post., em artigos em série, causou embaraço público ao presidente Nixon, que colocou a máquina do governo para obrigar a imprensa cessar a publicação do documento. Dos fatos ali contados, a opinião pública americana e mundial soube que os EUA deliberadamente expandiram sua ação na guerra, com ataques aéreos contra o Laos, costeiros contra o Vietnã do Norte e ações terrestres dos marines, antes mesmo do presidente Johnson ter informado ao país em 1964, após prometer que a guerra no Vietnã não seria expandida. As revelações provocaram escândalo e aumentaram o vácuo entre governo e povo americano, causando danos ao esforço de guerra de Nixon, afetado pelos protestos contra a Guerra. Os artigos do NY Times começaram a ser publicados em 13 de junho de 1971, causando controvérsia política e ações judiciais contra o jornal decorrente tentativa do governo em bloquear as publicações com o Times conseguindo liminar contra a decisão de bloqueio. Em 30 de junho de 1971, a Suprema Corte decidiu, por 6 a 3, que mandados concedidos para impedir as publicações eram inconstitucionais, garantindo aos 2 jornais direito de continuar a publicá-las.
Moral da Nota: o paradoxo de Elsberg visto no Pentagon Papers remete, sem dúvidas, aos artigos sobre a Exxon. A primeira história é um relato sobre James F. Black, cientista sênior da empresa, que se apresentou ao Comitê de Administração da Exxon dizendo que queimar combustíveis fósseis, produto que vendiam, aquece o clima da Terra e pode eventualmente colocar a humanidade em perigo. Em1977, mais de uma década antes de James Hansen alertar o Congresso e o mundo sobre o aquecimento global, executivos da Exxon escolheram o mais fácil trabalhando na vanguarda da negação climática e fabricando dúvidas sobre a verdade que seus cientistas internos haviam confirmado. Ellsberg em vídeo do Washington Post, explica como a verdade precisa de aliados na persistência, disse que “quase nenhuma revelação isolada causará mudanças significativas por si só”, "mas em combinação com outras informações, outras verdades, a coragem é contagiosa." Ativistas climáticos relatam que o termo “Exxon Knew” se estabeleceu no léxico da responsabilidade climática, abreviação à contradição entre a longa campanha da gigante do petróleo para questionar publicamente a ciência climática e seu entendimento interno de que a ciência era sólida. Novas pesquisas acadêmicas conferem rigor estatístico ao conceito, mostram que projeções climáticas da empresa, previram consistentemente o aquecimento que viria da queima de combustíveis fósseis. Artigo publicado na Science, analisa as previsões climáticas conhecidas produzidas ou relatadas por cientistas da ExxonMobil e seu predecessor, de 1977 a 2003, e descobriu que eram “pelo menos tão hábeis” quanto as de especialistas independentes e, como modelos independentes, a maioria dos modelos da Exxon provou ser precisa. Geoffrey Supran professor associado de ciência e política ambiental na Rosenstiel School of Marine, Atmospheric and Earth Science da Universidade de Miami explica que “eles, Exxon, não sabiam vagamente algo sobre o aquecimento global décadas atrás, literalmente sabiam tanto quanto cientistas acadêmicos independentes”, “agora temos essa evidência hermética e incontestável que a Exxon previu com precisão o aquecimento global anos antes de se virar e atacar publicamente a ciência do clima”.