quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Panorama

No Egito, é óbvio o impacto das mudanças climáticas nos agricultores com o sal marinho corroendo raízes e endurecendo campos, tornando-os estéreis, decorrente o aumento do nível do mar. No inverno, partes da rodovia internacional que atravessa a costa egípcia são inundadas e, no Delta do Nilo, um dos três pontos mais vulneráveis ​​do mundo aos impactos da mudança climática, conhecido há milênios pela fertilidade do solo, é a principal entre as preocupações. Cobrindo 240 kms² ao norte do Cairo, onde o Nilo se espalha, os braços dos rios criaram terra rica e fértil depositando lodo enquanto se dirigiam ao mar e, desde a antiguidade, a área tem sido cesta de alimentos dos impérios abrigando 40% dos 104 milhões de habitantes do país respondendo por metade da economia, segundo a ONU, com pescas ao longo dos dois braços do Nilo, Rosetta no oeste e Damietta no leste ajudando alimentar o país. Em 2100 um dos piores cenários do painel apoiado pela ONU deslocará o litoral kms a dentro, submergindo áreas tornando a região mais estéril corroborado pelo Centro de Pesquisa Climática e Atmosférica do Instituto de Chipre e Instituto Max Planck de Química. O cenário considerado mais provável pelo painel é que o mar aumentará de 0,3 a 0,6 metros até 2100. O ex-ministro de Recursos Hídricos e Irrigação do Egito, disse que o governo instalou barreiras de concreto em 120 kms da costa do Mediterrâneo, para abrigar 17 milhões de pessoas, equivalente a metade da costa do Delta e da cidade de Alexandria. As autoridades tentam acabar com práticas poluentes como a fabricação de tijolos e a queima de palha de arroz, que cobre os céus do Delta com fumaça todos os anos após a colheita.

Relatório de quase 700 páginas, desenvolvido por 100 especialistas e 40 tribos, concentrando-se em mais de 40 indicadores climáticos-chave, pinta imagem gritante da escalada da crise climática na Califórnia documentando efeitos da dependência global de combustíveis fósseis sobre o clima, água e moradores do estado. Divulgado pelo The Office of Environmental Health Hazard Assessment, departamento especializado da Agência de Proteção Ambiental da Califórnia, avalia riscos à saúde de contaminantes químicos ambientais e fornece conselhos científicos aos formuladores de políticas do estado. Listou que metade dos maiores incêndios florestais do estado nos últimos 70 anos ocorreu em apenas dois anos e, nas últimas duas décadas, as mais secas do milênio passado, geleiras desaparecem e temperaturas sobem 2,5 º C desde 1895, aumento que acelerou desde a década de 1980. Em setembro de 2021, todo o estado da Califórnia estava em seca, com 88% em níveis mais severos de extrema a excepcional. Elogiou esforços do governo da Califórnia para tomar ações que sirvam de modelo a outros estados, instando fazer mais, incluindo medidas à proteger águas costeiras, investir em recursos de energia renovável e eliminação gradual de veículos movidos a gás. O governador do estado assinou lista de medidas climáticas para acelerar a transição à economia neutra em carbono, protegendo da poluição e responsabilizando empresas. A Costa Oeste quebrou quase mil recordes de temperatura na onda de calor de 10 dias, três dígitos por vários dias consecutivos, sendo solicitado racionar energia e evitar sobrecarregar a rede. O Departamento de Alimentação e Agricultura da Califórnia informa que a seca afetou a irrigação, com mais de um terço dos vegetais do país e 75% das frutas e nozes, cultivados no estado, sendo que produtores de tomate estão pressionados pela crise hídrica à medida que elevam os custos Mais de 4 milhões de acres foram carbonizados em incêndios florestais em 2020, mais que dobrando a área queimada em qualquer outro ano registrado, sendo que metade dos maiores incêndios florestais do estado nos últimos 70 anos ocorreram em 2020 e 2021, agravados pelo clima quente e seco e mega seca em curso. As mudanças climáticas impactam a saúde com doenças relacionadas ao calor relatadas por trabalhadores aumentando três vezes de 2000 a 2017, em trabalhadores agrícolas, policiais e bombeiros.

Moral da Nota: a UE entre 1990 e 2020 cortou as emissões de gases efeito estufa em 31% e estabeleceu meta líquida de redução de emissões de 55% para 2030. A OMM alerta que à medida que o aquecimento global continua, calor extremo, incêndios florestais, inundações e demais consequências das mudanças climáticas afetarão sociedade, economia e sistemas ecológicos. As temperaturas na Europa aumentaram significativamente no período 1991-2021, a taxa média de +0,5°C/década, resultando em perda de 30 mts na espessura de gelo entre 1997 e 2021 nas geleiras alpinas e a camada de gelo da Groenlândia derretendo e contribuindo para acelerar o aumento do nível do mar. O secretário-geral da OMM, Petteri Taal, esclarece que "a Europa é reflexo vivo do mundo em aquecimento e nos lembra que mesmo sociedades bem preparadas não estão a salvo das consequências de eventos climáticos extremos. Em 2022, como em 2021, partes da Europa foram afetadas por ondas de calor e secas que alimentaram incêndios florestais. Em 2021, eventos excepcionais de inundação causaram morte e destruição". O documento da OMM avalia que “o aumento da temperatura na Europa nos últimos 30 anos é mais que o dobro do aumento médio da temperatura registrado no mundo e , em nenhum outro continente as temperaturas subiram de modo tão acentuado”.