quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Área crítica

ONU e Cruz Vermelha avisam que no Sahel, Chifre da África, Sul e Sudoeste da Ásia,  ondas de calor devem "exceder os limites fisiológicos e sociais humanos". Relatório conjunto informa que catástrofes das ondas de calor em 2022 em países como Somália e Paquistão prenunciam futuro com emergências humanitárias mortais relacionadas ao calor, mais frequentes e mais intensas. O OCHA, Escritório da ONU à Coordenação de Assuntos Humanitários, e a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e Crescente Vermelho, IFRC, em relatório antes da COP27 disseram que medidas precisam ser tomadas imediatamente para evitar desastres de calor potencialmente recorrentes, listando ações  mitigadoras dos piores efeitos do calor extremo. Alertam que o impacto seria o "sofrimento em larga escala e perda de vidas, movimentos populacionais e desigualdade mais arraigada", associados a efeitos combinados do envelhecimento, aquecimento e urbanização com aumento significativo no número de pessoas em risco nos países em desenvolvimento nas próximas décadas, com trabalhadores agrícolas, crianças, idosos, mulheres grávidas e lactantes correndo maior risco de doença e morte.. O secretário-geral da IFRC, pediu aos países na COP27 que invistam na adaptação e mitigação do clima nas regiões de maior risco e, ao lado da OCHA sugere cinco etapas principais para combater impacto das ondas de calor extremas, incluindo informações antecipadas para auxiliar pessoas e autoridades reagirem a tempo buscando meios de financiar ações à nível local. Incluíram organizações humanitárias testando abrigos de emergência mais "termicamente apropriados" e "centros de resfriamento", enquanto faziam com que as comunidades alterassem seu planejamento de desenvolvimento levando em conta ​​impactos extremos do calor.

Nesta trilha, a última avaliação da empresa de risco Verisk Maplecroft reúne  ameaças para calcular que o estresse térmico já representa  “risco extremo” à agricultura em 20 países, incluindo a Índia, avaliando países que cultivam 70% dos alimentos do mundo enfrentando risco extremo de calor até 2045, esperando-se que as próximas décadas expandam a ameaça à 64 nações,  incluindo economias como China, Índia, Brasil e EUA. As temperaturas diminuirão colheitas colocando em risco a saúde dos trabalhadores agrícolas, ameaçando faixas da produção global de alimentos até 2045, à medida que o mundo se aquece, sendo que o arroz está particularmente em perigo com culturas como cacau e tomate apontadas como preocupantes. A mudança climática já alimenta ondas de calor e eventos extremos, da Índia à Europa, afetando produtividade das colheitas, com picos de temperatura causando preocupação com a saúde, principalmente dos que trabalham ao ar livre em condições sufocantes,  especialmente perigoso, quando níveis de umidade são altos. Os dados de estresse térmico da Maplecroft associados a dados de temperatura global do Met Office do Reino Unido, alimentam avaliações de risco mais amplas,  baseado em cenário de emissões de pior caso, de 2℃ de aquecimento acima dos níveis pré-industriais em 2045. A Índia responsável por 12% da produção global de alimentos em 2020 e  dependente da produtividade do trabalho ao ar livre  é classificada como de risco extremo, única nação agrícola nessa categoria em temperaturas atuais, afetando produtividade e exportações com efeitos potencialmente “em cascata” em questões como classificação de crédito do país e estabilidade política. Nove dos dez principais países afetados em 2045 estão na África, com Gana,  segundo maior produtor de cacau do mundo, Togo e República Centro-Africana recebendo a pior pontuação de risco possível. Os 20 principais países em risco incluem exportadores de arroz do Sudeste Asiático, Camboja, Tailândia e Vietnã,  observando que produtores de arroz no centro do Vietnã  já trabalham à noite evitando altas temperaturas. Grandes economias como EUA e  China podem ver riscos extremos à agricultura em 2045, embora nesses países os impactos variem por região. enquanto isso, a Europa responde por sete dos 10 países com maior risco até 2045.

Moral da Nota: relatório da ONU alertou que a interação entre poluição e mudança climática afetaria centenas de milhões de pessoas no próximo século, pedindo ações para conter os danos, sendo que o ar poluído reduz expectativa de vida global em dois anos. Avisa que Ondas de calor mais frequentes e intensas com incêndios florestais causados ​​pelas mudanças climáticas devem piorar a qualidade do ar, prejudicando a saúde humana e ecossistemas com interação entre poluição e mudança climática afetando centenas de milhões de pessoas no próximo século, pedindo, ações para conter danos. O boletim anual de qualidade do ar e clima da OMM examinou impactos de grandes incêndios florestais na Sibéria e oeste da América do Norte em 2021, descobrindo que produziram aumentos nos riscos à saúde com concentrações no leste da Sibéria atingindo “níveis não observados antes”. Partículas com diâmetro inferior a 2,5 micrômetros, PM 2,5,  consideradas prejudiciais, penetram profundamente nos pulmões ou  sistema cardiovascular. Destacou que ondas de calor severas na Europa e China em 2022,  com condições atmosféricas altas e estáveis, luz solar e baixas velocidades do vento, foram "conducentes a altos níveis de poluição", alertando que "isso é  antecipação do futuro",  fenômeno conhecido como “penalidade climática”, referido como mudança climática amplificando produção de ozônio troposférico e afetando negativamente qualidade do ar.Na estratosfera, o ozônio fornece proteção contra raios ultravioletas causadores de câncer, no entanto,  mais perto do solo é muito perigoso à saúde humana, concluindo que, se os níveis de emissão permanecerem altos, espera-se que essa penalidade climática seja responsável por "um quinto de todo o aumento da concentração de ozônio na superfície". O relatório aponta que a qualidade do ar e o clima estão interligados, uma vez que os produtos químicos que pioram o ar normalmente são co-emitidos com gases efeito estufa.