sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

A mão de Deus

A Copa do Mundo de 1986 é certamente o auge da carreira desportiva de Diego Maradona, sendo que os dois gols contra a inglaterra selam esta ideia. A partir deste evento, em 2005 Lord Mervyn king, presidente do banco central inglês, surpreendeu desenvolvendo a "Teoria de Maradona" para explicar sua política monetária. Conhecida primeiramebnte como "a mão de Deus" em que Maradona batendo o goleiro inglês Peter Shelton estendendo o punho para empurrar a bola ao gol, disse King, resumindo a abordagem de "mistério e mística" do banco central; “foi inesperado, inconsistente no tempo e contra as regras, teve a sorte de se safar" e acrescentou que essa estratégia foi administrada em momentos críticos. Já a descrição de King do segundo gol é a seguinte; “Maradona correu 55 metros de dentro de seu próprio campo, passando cinco jogadores antes de colocar a bola na baliza inglesa. No entanto, o que é realmente notável é que ele correu praticamente em linha reta. Como pode vencer cinco jogadores correndo em linha reta? A resposta é que os zagueiros ingleses reagiram ao que esperavam que Maradoina fizesse.

Assim como os jogadores esperavam que Maradona fosse para a esquerda ou para a direita e conseguiu ir direto, conforme os economistas a política monetária funciona de modo semelhante: as taxas de juros do mercado reagem ao que o banco central deve fazer. Em certos períodos, os bancos centrais podem influenciar a trajetória da economia sem fazer grandes movimentos nas taxas de juros oficiais; resumindo, eles estão indo em linha reta na direção de seus objetivos. king expĺicou: “aplicamos o 'efeito Maradona' porque o mercado financeiro não esperava que as taxas de juros se mantivessem constantes. Esperavam que aumentassem ou diminuíssem e essas expectativas foram suficientes à estabilizar gastos privados, enquanto as taxas de juros oficiais mudaram muito pouco".

Moral da Nota: a história nos fala de certa animosidade anglo-argentina, com avaliação algo míope por parte dos portenhos quando invadiram as Malvinas, considerando que Londres era muito longe e que os americanos de Reagan, partícipes da OEA, se posicionariam ao lado deles na resolução da querela sem grandes sobressaltos; o resultado já sabemos. Especulava-se que Guido Sandleris quando presidia o Banco Central Argentino aplicasse a teoria Maradona, quer dizer, precisava que o mercado funcionasse acreditando que ia colocar na mesa todas as verdinhas necessárias para impedir uma corrida, sem que precisasse recorrer à vendas. Para isso aplicou a política de bandas de câmbio que deveria ser vendida quando o dólar chegasse ao teto da banda, quer dizer, a ideia era essa mas durou pouco. Para terminar o interessante momento portenho, em 2020, relatório da Consultatio notou que Miguel Ángel Pesce, presidente do Banco Central argentino, procurava uma "política maradoniana onde o banco faria variar a taxa de câmbio de modo aleatório mantendo em média a velocidade de cruzeiro anterior.