sábado, 7 de março de 2020

A Peste e a China

Dados oficiais do governo chinês indicam contenção do surto de coronavírus, embora controvérsias sugerem o contrário, com suspeita do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, CDC, que a China subnotifica. Em 13 de fevereiro o número de infectados saltou de 44.700 para 60 mil, subindo agressivamente de 12/02 para 13/02. Milhões de pessoas estão sob quarentena afetando da produtividade a gastos do consumidor, enquanto a inflação aumenta e as vendas de imóveis caem. Fabricantes estrangeiros relatam interrupções nas cadeias de suprimentos chinesas, com o South China Morning Post informando que na Austrália apenas 15% de trabalhadores migrantes chineses retornaram após o Ano Novo Lunar. Os esforços para deter a peste diminuirão o crescimento da economia conforme projeções, com 18 apontando crescimento do PIB chinês no primeiro trimestre de 4% e taxa anual de 5,5%, menor em 30 anos desde 1990 quando o PIB cresceu 3,9%. Os dados foram coletados pela Bloomberg nas projeções do HSBC, Nomura, Natwest, ANZ, City, ING Bank, Barclay, Berenberg bank, BMO Capital, SP&P Global, Pantheon Macroeconomics, Oxford Economics, Macquarie, UBS, Bloomberg Economics, Standard Chartered, Goldman Schas e UOB. O Deustsche Bank avisa que a Alemanha corre risco de recessão técnica pelos problemas na economia chinesa.
O impacto da epidemia, até aqui, é moderado nos negócios americanos comparado ao que ocorre na China. A economia dos EUA cresceu 0,6% e a atividade de serviços caiu à níveis mínimos, com o Índice de Gestores de Compras do IHS Markit registrando 49,4 em fevereiro em escala que 50 separa expansão da contração. Planos de investimentos empresariais foram contidos por temores de uma pandemia e o PMI de manufatura diminuiu de 53,4 para 50,8 no mês anterior, enquanto o PMI composto de serviços e atividade de fabricação da Markit contraiu para 49,6 em fevereiro contra 53,3 em janeiro. Fragilidade foi observada no setor de serviços com produção manufatureira parando pelo estagnar de pedidos, afetando viagens, turismo, exportações e cadeias de suprimentos. Como se nada disso bastasse, o presidente do FED afirmou que os EUA estão em caminho insustentável, porque a dívida cresce em margem significativa mais rápido que a economia. Conclui dizendo que mesmo à taxas mais baixas e crescimento decente, será necessário reduzir os déficits e se não o fizermos, disse, nossos filhos gastarão mais impostos com juros do que com necessidades como educação, segurança e saúde.
Moral da Nota: em cima disso tudo, o bilionário chinês exilado Guo Wengui, com histórico de denúncias polêmicas contra o governo, especula que a situação pode ser muito mais grave da que o PCC transparece. No entanto as declarações de Guo Wengui ficam cada vez mais sombrias já que segundo suas fontes, o PCC está usando 40 incineradores portáteis para cremar 1.200 corpos por dia em Wuhan. Níveis crescentes de dióxido de enxofre em torno de Wuhan e outras cidades chinesas afetadas por coronavírus corroboram as suspeitas de Guo. Mesmo com exagero, cada vez mais evidências mostram que o PCC pode estar mentindo sobre a extensão do surto de coronavírus. Fato é que a situação pode ser mais preocupante daquela que o PCC conta, mas a verdade deve estar em algum lugar entre estatísticas oficiais e alegações de Guo.                                                                                                                             
Nota de rodapé: a verdade virá no final quando da recuperação da economia como um todo, no entanto, em cima de todos estes dados nossos parceiros americanos tem a dor de cabeça da dívida e as declarações do presidente do FED.