sábado, 21 de setembro de 2019

Johnson & Johnson

Após dois meses de julgamento por demanda do estado de Oklahoma, a Johnson & Johnson foi condenada a multa de US$ 572 milhões por responsabilidade na crise dos opiáceos dos EUA. O valor exigido à Farmacêutica financiará programas estaduais na busca por solução à crise, influenciando outras queixas no país contra os fabricantes do fármaco em questão.
A utilização de opióides como mercadoria e negócio como outro qualquer remete a segunda fase da revolução industrial no século XIX, na busca por mercado na China e Índia. Inundaram a China com ópio de tal modo que em 1835 havia um grama da droga para cada um dos 450 milhões de chineses, acarretando corrupção, enfraquecimento e derrotas militares. No livro ‘A Grande Ilusão’ Norman Ohler fala das drogas na Alemanha Nazista. Pervitin (meta anfetamina) para rivalizar com Coca Cola, segundo o autor, foi distribuído às forças armadas além da relação de Hitler com cocaína, heroína e meta anfetamina focados com evidência no livro. Descreve o autor que a indústria farmacêutica alemã tornou-se uma das maiores exportadoras de opiáceos, sendo que a relação do líder nazista com drogas se inicia pelo uso de vitaminas e glicose injetáveis, até utilização supervisionada de estimulantes mais fortes diante o fracasso da operação Barbarossa. Ohler escreve que foram distribuídos aos SS compostos à base de cocaína e eukodal, conhecido como speedball e posteriormente a mistura mágica se popularizou para melhoraria da confiança, desempenho e no meio militar no combate ao stress e fadiga.
Moral da Nota: o juiz Thad Balkman na audiência relativa a Johnson & Johnson, declarou que "a crise dos opiáceos devastou o estado de Oklahoma e deve ser contida de imediato". Considerou que o laboratório Janssen, divisão da Johnson & Johnson, adotou práticas "enganosas de 'marketing' na promoção de opiáceos", estabelecendo nexo de causalidade entre o marketing utilizado e a facilitação da dependência quimica no combate à dor. 'Overdose' com óbito e aumento exponencial da síndrome de abstinência neonatal em Oklahoma são agravantes inclusos no nexo de causalidade. Seria interessante observar que o presidente americano no embate econômico com os chineses utilizou a questão da importação do Fentanil, no olho do furacão, entregue via Fedex e outros serviços privados. Lembrando que as entregas mais eficazes estatisticamente foram justamente as decorrentes de seviços estatais, por conta da Walmart por exemplo rastrear a cadeia de suprimentos devolvendo casos inconsistentes.
Em tempo: o CDC, Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, informa que entre 1999 e 2017 morreram por overdose de drogas injetáveis cerca de 400 mil pessoas, em média 130/dia, sendo que o consumo de heroína e Fentanil em 2017 prescritos ilegalmente foi 6 vezes superior ao registrado em 1999. Talvez adequado recordar que morreram 55 mil militares americanos no Vietnã em dez anos de guerra.