terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Deslocados

Estudo publicado na Nature Communications e investigação da organização First Street Foundation, mostra que Inundações forçam milhões de pessoas  se deslocarem dentro dos EUA, além de transformar lugares onde vivem, sendo que nas primeiras 2 décadas do século XXI, a ameaça de inundações convenceu milhões de pessoas evitar zonas de risco ou abandonar locais perigosos.  A mudança climática intensifica furacões e aumenta quantidade de tempestades que ocorrem no centro-norte dos EUA e, investigadores dizem que nas próximas décadas, milhões decidirão que é demais suportar e emigrarão, sendo que a First Street descobriu que alterações climáticas deixam vencedores e perdedores a nível de bairros e quarteirões. A nível nacional, americanos ignoram ameaça do aquecimento global quando decidem onde viver, por exemplo, a Florida, vulnerável ao aumento do nível dos oceanos e às tempestades intensas, registra crescimento populacional não levando em conta modo como pessoas se comportam a nível local, ao passo que a maioria das viagens é de curta distância, as pessoas ficam perto da família, amigos e trabalho. O diretor de investigação da First Street, esclarece que o aumento populacional nos estados do sul dos EUA é motivado por razões “que vão além” do que é aparente a olho nu, explicando que “as pessoas querem morar em Miami" prevendo que acontecerá nos próximos 30 anos em que quarteirões de Miami com alta probabilidade de serem atingidos por forte tempestade sofrerão declínio populacional, embora projete que grande parte da cidade absorva mais pessoas. Por detrás das descobertas estão dados sobre riscos de inundações, tendências demográficas e razões pelas quais pessoas deslocam, permitindo investigadores isolar impacto das inundações, apesar das condições econômicas locais e fatores que motivam fazerem as malas e mudarem-se à outro lugar em que analisaram mudanças populacionais em áreas pequenas, reduzindo-as a blocos censitários. A First Street avalia que quarteirões cresceram rapidamente e teriam crescido mais rápido se as inundações não fossem problema, enquanto locais em expansão propensos a inundações, poderiam ter crescido quase 25% mais atraindo 4,1 milhões de habitantes adicionais, caso os riscos fossem menores. Identificaram áreas onde riscos de inundações provocam ou agravam declínio populacional, áreas que chamaram de “áreas de negligência climática” e, ao longo de um período de 2 décadas, 3,2 milhões de pessoas abandonaram esses bairros por riscos de inundações. O professor especializado em análise de risco e seguros na Universidade de Wisconsin, campus de Madison, esclarece que quando a First Street fez as projeções à 2023, áreas de abandono climático estavam em Michigan, Indiana e partes do centro-norte dos EUA ao passo que o risco de inundações é fator que alavanca mudanças e não significando que comunidades estejam ficando vazias, declarando que “o povo pode viver em locais mais apropriados dentro dessas comunidades, tanto em Detroit quanto Miami”. Conforme o especialista em demografia e autor de estudos na Florida State University esclarece, idosos deslocam-se com menos frequência o que representa despesa, por isso, se as pessoas não receberem assistência suficiente e não tiverem meios é provável que permaneçam em zonas de risco e, quando alguém inicia mudança, pode criar impulso à que outros também deixem a área, ficando menos residentes à apoiar economia local em declínio.

Neste contexto, reguladores da Califórnia aprovaram regras visando permitir que agências de água reciclem águas residuais e utilizem para levá-las a residências, escolas e empresas, que quando usadas acabam em vários lugares, em  pista de patinação no gelo em Ontário, pistas de esqui do Lago Tahoe ou terras agrícolas do Vale Central do estado, agora, nas torneiras da cozinha. Grande passo à estado que luta para ter fonte confiável de água potável aos mais de 39 milhões de habitantes, mostrando mudança na opinião pública em torno de tema que há 2 décadas provocou críticas que afundaram projetos semelhantes e, desde então, a Califórnia sofre múltiplas secas extremas, a mais recente, segundo os cientistas, um período de 3 anos mais seco já registado e deixou as reservas do estado em níveis perigosamente baixos, com o CEO da WateReuse California, grupo que defende o uso de água reciclada, dizendo que “água é muito valiosa na Califórnia, sendo importante que utilizemos mais de uma vez”. A Califórnia utiliza águas residuais recicladas há décadas, com o time de hóquei da liga secundária Ontario Reign utilizando para fazer gelo na sua pista no sul da Califórnia e, a estação de esqui de Soda Springs, perto do Lago Tahoe, produziu neve, enquanto agricultores do Vale Central, onde são cultivadas frutas e nozes do estado,utilizam-na para irrigar colheitas. No entanto, nunca foi utilizado para consumo humano direto, agora, o Orange County opera um grande sistema de purificação de água que recicla águas residuais e as utiliza para reabastecer aquíferos subterrâneos misturando as águas subterrâneas por meses e depois bombeada e usada novamente para beber. O vice-diretor da divisão de água potável do Conselho de Controle de Recursos Hídricos da Califórnia, esclarece que as regras permitirão, mas não exigirão, que as agências de abastecimento de água recolham águas residuais, tratem-nas e depois utilizem-nas para fornecer água potável, sendo que a Califórnia será o segundo estado a permitir tal uso atrás do Colorado e, com as novas normas que exigem ser as águas residuais tratadas para eliminar agentes patogênicos e vírus, mesmo que não sejam encontrados, diferindo dos padrões típicos de tratamento de água, que exigem apenas tratamento contra patógenos conhecidos, sendo que o tratamento é tão rigoroso que remove minerais que tornam a água potável saborosa, significando que devem ser adicionados novamente no final do processo tornando a “qualidade da água potável a mesma e provavelmente melhor em muitos casos”.

Moral da Nota:  as relações entre americanos e mudanças no clima através da tecnologia nos remete ainda ao fato que o Condado de Los Angeles oferece terapia virtual gratuita de saúde mental à estudantes, sendo que a teleterapia é um dos 4 projetos que receberão até US$ 83 milhões do Programa de Incentivo à Saúde Mental.  As Escolas Públicas lançaram iniciativa para oferecer serviços de saúde mental gratuitos a 1,3 milhão de alunos do ensino fundamental e médio, teste fundamental do extenso programa de US$ 4,7 bilhões do governador da Califórnia, para abordar a crise de saúde mental entre jovens. Inseridos nos planos Medi-Cal que oferecem seguro saúde à residentes de baixa renda em colaboração com o Escritório de Educação e Departamento de Saúde Mental, o programa é baseado em serviços de teleterapia fornecidos pela Hazel Health, uma das empresas que surgiram para suprir a escassez de serviços de saúde mental,  agravado na pandemia. A teleterapia é um dos 4 projetos do condado de Los Angeles que receberão US$ 83 milhões do Programa de Incentivo à Saúde Mental Estudantil do estado, componente do “plano diretor” para preencher lacunas no acesso dos jovens aos serviços de saúde mental, sendo que o “fato de ser gratuito e de um profissional ensinar estratégias de enfrentamento significa muito” "cujos resultados já são visíveis.” O contrato da Hazel Health ajuda escolas sobrecarregadas lidar com aumento da procura destes serviços, prometendo ser iniciativa piloto para demonstrar eficácia da terapia virtual à estudantes e capacidade dos educadores e administradores gerir de modo eficaz programa grande e sensível em colaboração com empresa com fins lucrativos. Até agora, 607 estudantes do condado participaram nas sessões desde que foram oferecidas pela primeira vez em Compton em dezembro de 2022, segundo a chefe de serviços de bem-estar e apoio do Gabinete de Educação, reconhecendo problemas iniciais, esclarecendo que a que Hazel é “ferramenta na caixa de ferramentas”. A teleterapia desempenha papel importante nas escolas do país, à medida que educadores e assistentes sociais enfrentam pressão para abordar problemas crescentes de saúde mental e, conforme relatório da Chalkbeat, 13 dos 20 maiores distritos escolares do país incluindo o Los Angeles Unified adicionaram-no desde o início da pandemia. O condado de Los Angeles prevê pagamento à empresa de até US$ 20 milhões até fins de 2024, além disso, a Hazel pode cobrar o seguro dos estudantes, sendo que a empresa sediada em São Francisco, fundada em 2015, levantou US$ 112,5 milhões de investidores tem contratos em 15 estados e, entre as empresas que procuram verbas à saúde mental dos jovens está outra startup de São Francisco, a Daybreak Health, formada pela incubadora tecnológica Y Combinator, com BeMe, Brightline e Kooth, sendo que a Califórnia contratou Brightline e Kooth à iniciativa estadual de US$ 532 milhões em 2024 em serviços comportamentais virtuais à jovens, com alguns programas estaduais e locais se sobrepondo, reconhecendo a cofundadora e CEO da Brightline que as ofertas da Brightline são mais amplas que o que Hazel faz nas escolas com serviços que vão desde sessões de coaching à cuidadores até recursos de saúde e meditação.