sábado, 24 de outubro de 2020

Evento

Conceitua-se "Evento" em biotecnologia a modificação genética originando um transgênico, planta não originária da natureza, neste caso gerada pelo homem. Inserido neste conceito, a Argentina um dos maiores exportadores agrícolas, tornou-se o primeiro país do mundo aprovar a comercialização do trigo transgênico. A variedade desenvolvida com o nome HB4 considerada por seus promotores avanço científico, enfrenta rejeição de ambientalistas, do mercado e de profissionais da saúde. País conhecido como produtor de soja e milho transgênicos, utiliza este tipo de alimento na alimentação animal, além de emulsificantes, adoçantes ao consumo humano e em baixa quantidade à alimentos ultraprocessados. Em 2019 foi o nono produtor mundial de trigo com 19,5 milhões de toneladas e o quinto exportador com 11,3 milhões de toneladas.

Desenvolvido pela Bioceres, empresa biotecnológica, o HB4 é resistente à seca resultando de trabalho conjunto com pesquisadores do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas da Argentina, Conicet, e Universidade Nacional do Litoral liderado pela cientista Raquel Chan. É primeira vez que a semente genéticamente modificada de trigo é utilizada em sua totalidade na produção de alimento ao consumo humano ou farinha com a qual se faz pão e macarrão. Embora aprovado pela autoridade sanitária alimentar argentina a comercialização do trigo transgênico associado à aplicação do herbicida glufosinato de amônio, sua venda dependerá do aval brasileiro ou o maior importador do trigo argentino. O diretor do Instituto de Saúde Sócio ambiental da Universidade Nacional de Rosário, Damián Verzeñassi, alertou sobre efeitos na saúde das populações no entorno das lavouras ao passo que a Associação Brasileira da Indústria do Trigo expressou "posição contra o uso dessa fonte alternativa de geração de alimentos", enquanto bolsas e mercados financeiros argentinos criticaram "o extraordinário risco econômico" representado pelo HB4. 

Moral da Nota: a ciência agropecuária, segundo o diretor da Bioceres, tenta há 20 anos desenvolver trigo transgênico inserido em contexto de longa seca no campo sendo que a tecnologia de tolerância do HB4 a falta d´agua deriva de um gene do girassol, espécie plástica que lida muito bem com episódios de estresse hídrico. O diretor da Bioceres defende que “questões de segurança ambiental e saúde humana não estão em discussão, neste caso, trata-se de tecnologia de segunda geração relacionada ao uso eficiente da água". Justifica dizendo que "a opinião do consumidor em relação a tecnologia de preservação do meio ambiente difere em relação a transgênicos de primeira geração", aqui, a “tecnologia fixa mais C02 rendendo melhor na seca. Isto nos permite aumentar a produtividade nos hectares que já temos tirando pressão das matas nativas". 

O detalhe: "na Argentina, segundo Verzeñassi à AFP, cada vez que um evento transgênico é aprovado aumenta a utilização de herbicida associado, que  implica em mais problemas à saúde de comunidades rurais" destacando que o H4B é resistente a antibióticos à base de penicilina. Lembrar que a discussão em  passado não distante por conta doosprocesso de especificação de transgênicos, o argumento a favor era dispensa de utilização de herbicidas.